Recentemente têm pipocado os mais diversos tipos de espaços de coworking. Nós já falamos sobre aqueles para segmentos específicos aqui. Mas outra variável sempre interessante é a localização. Alguns ficam em casas, outros em prédios, outros em shoppings.

Juntus, em Londrina.

A diferença de localização geralmente influencia diretamente no clima do espaço. Claro que não é uma regra, mas casas comercias tendem a ter mais liberdade e espaços de convivência. Afinal, é uma casa todinha pra você e sua comunidade. Você pode fazer “quase” o que quiser lá. Prédios e conjuntos comerciais, por outro lado, têm toda a estrutura que o condomínio oferece. Portaria, segurança, endereços mais centrais. São ótimas opções caso o founder queira iniciar com menos responsabilidade, já que cortar a grama regularmente talvez não seja uma boa preocupação para se ter desde o início.

Uma tendência que tem aparecido também, principalmente no Brasil, são os coworkings dentro de shoppings. Juntar a estrutura de estacionamento e segurança do shopping com a conveniência de todos as lojas e a área de alimentação parece algo incrível.

Que tal algo diferente?

Até ontem, eu pensava que esses eram os únicos modelos. Isso tudo foi abaixo quando eu conheci o DoSpace, em Dublin. Algumas semanas atrás o Cadu do Deskovery me falou sobre esse tal coworking que ficava em um barco. Eu achei um pouco estranho a princípio, e não entendi muito bem a ideia. Ok, coworking em um barco parece legal, mas por quê? É só pra chamar a atenção ou faz algum sentido?

Hoje eu e o Eder Souza decidimos ir conferir. Fomos recebidos pelo Graham, um dos fundadores do espaço. Gente bacana, que fala absurdamente rápido, mas por sorte com pouco sotaque irlandês. Ele me levou pra um rápido tour em um dos barcos (são três no total). Então eu comecei a entender as coisas.

O DoSpace está localizado em Docklands, minha zona preferida de Dublin. Da pequena janela  —  daquelas redondinhas, típica de barquinho  —  você pode avistar os prédios do Google, Facebook e Airbnb. O espaço está exatamente no meio dessas três gigantes. E minha primeira dúvida  —  por que um barco?  —  estava respondida. Se a sua empresa tem foco em tecnologia, essa é a melhor localização que você pode ter. Provavelmente não deve ser fácil encontrar uma sala comercial para alugar por ali, mas, por outro lado, tem um monte de espaço disponível na água. E, apesar de Dublin não ser tão conhecida por casas flutuantes como Amsterdam, a ideia caiu como uma luva.

Dois barcos são usados para estações de trabalho. Um terceiro, que está em reforma, ficará disponível para ambientes de reunião. No barco que visitei, havia inclusive chuveiro. Coisa básica se você espera atrair coworkers ciclistas.

Ok, boa localização, e o que mais?

Apesar de adorar a localização, ainda não estava totalmente convencido se isso compensava o espaço reduzido e relativamente escuro de um barco. Além do mais, barcos balançam! Não deve ser agradável.

Mas a verdade é que depois de alguns minutos dentro do espaço, já nem lembrava mais que estava sobre a água. Não era possível sentir nenhum tipo de balanço, apesar de Grahm me confessar que quando o espaço está cheio, realmente pode se perceber um movimento. As janelas reduzidas criam um ambiente bacana para se trabalhar com monitores. Zero reflexo, perfeito pro pessoal do design. Aliado a uma boa iluminação direcional e ao fato de você estar a dois metros de um deck a céu aberto, não senti falta das grandes janelas. E o melhor, o silêncio absoluto de estar rodeado por água e nenhum carro. Isso foi algo que me impressionou.

 

E, sim, o barco realmente sai pra passear.

Essa foi, obviamente, a nossa primeira pergunta. A resposta moldaria todo o resto do papo. Então Grahm nos contou que, eventualmente, eles juntam a galera pra fazer um churrasco e “levam o escritório para passear”.

Ok, agora tudo faz sentido. E eu não tenho mais dúvidas que coworking está apenas começando e nós não fazemos ideia do que vem por aí.