Dia 8 de março é uma data história para as mulheres, um dia a ser celebrado e sempre lembrado. Mas, mesmo com muita evolução nos últimos anos, às vezes a impressão que fica é que damos um passo à frente e dois para trás. Ao pensar em escrever um artigo especial para o Dia da Mulher, diversas linhas de pensamento me ocorreram. Mas, ao começar a ler matérias sobre o assunto, fui ficando triste com algumas coisas que vi pela internet. E aí pensei: por que não falarmos sobre as manchetes que não queremos mais ler daqui pra frente?

Eu não abordarei aqui as questões sobre violência contra a mulher. Não que o debate não seja válido e/ou necessário. Sim, ele é muito! Mas, para não fugir muito dos assuntos que sempre abordamos no blog, vamos falar mais especificamente sobre a figura da mulher no mercado de trabalho.

Não basta apontarmos o dedo unicamente para o mercado de trabalho. O machismo começa dentro de casa, em relações que deveriam ser de parceria e compartilhamento. Esses tempos a avó de uma amiga perguntou se o namorado dela ajudava nas tarefas de casa. A resposta da minha amiga foi o que todas as mulheres deveriam poder dizer: “não, ele não me ajuda. Ele divide as tarefas comigo igualmente”.

Faz sentido pra vocês? Em um casal, por exemplo, se os dois trabalham fora, não é justo que os dois dividam a demanda doméstica? Afinal, se os dois desfrutam do lar, os dois têm as mesmas obrigações para com a casa. E, claro, quando existem filhos, o raciocínio deveria ser o mesmo.

A manchete acima é da Folha, e o nosso destaque vai para o seguinte dado alarmante: as mulheres dedicam 73% a mais de horas ao lar e à família. Por semana, segundo dados do IBGE, elas gastam 18,1 horas enquanto eles apenas 10,5 horas.

O debate da desigualdade salarial é antigo, e uma das possíveis causas dessa diferença pode ser justamente a questão da primeira manchete que citamos. Isso porque, uma vez que as mulheres precisam dedicar mais tempo ao lar, muitas vezes elas se vêm obrigadas a optar por jornadas de trabalho mais flexíveis. Essa flexibilidade, porém, inclui trabalhar menos horas, logo, ganhar menos, e muitas vezes em situação irregular.

Ou seja, novamente, não basta culpar apenas o mercado e as grandes corporações que ainda têm pensamentos machistas. Se a nossa atitude começar dentro de casa, já estaremos dando um grande passo rumo a essa mudança.

Conforme matéria do G1, as diferenças salariais estão em todos os cargos, do estagiário ao diretor. Os dados utilizados são do site de empregos Catho, que constatou que “em todas as áreas de atuação pesquisadas as mulheres ganham menos que os homens, até mesmo nas que há predominância feminina, como na saúde. A maior diferença está na área jurídica — as mulheres recebem menos da metade da remuneração dos homens (52,7% a menos)”.

Vamos a duas manchetes que abordam o mesmo tema. As mulheres são maioria no ensino superior e estudam mais que os homens. Claro, sabemos que isso não quer dizer que elas são, necessariamente, mais qualificadas, pois nem sempre um diploma ou um curso a mais fazem diferença.

Mas, de acordo com a economista Betina Fresneda, analista da Gerência de Indicadores Sociais do IBGE, o nível de instrução é um dos fatores que mais impactam nos rendimentos. “As mulheres deveriam estar ganhando mais, porque a principal variável que explica o salário é a educação. Você não só não tem um salário médio por hora mais, como na verdade essa proporção é menor”, relata em matéria da Agência Brasil.

Um ponto importante abordado na reportagem da Veja e que pode ser uma das justificativas das mulheres estudarem mais é a necessidade de se provarem mais profissionalmente, uma vez que as empresas têm mais resistência em contratá-las.

Não bastasse a menor inserção da mulher no mercado, as que conseguem trabalhar muitas vezes passam por situações de assédio sexual. Por conta disso, essas mulheres têm 6,5 mais chances de deixar seus empregos do que as que não passam por isso.

Em pesquisa realizada com homens e mulheres, 80% das participantes afirmaram que deixaram o emprego em um prazo de dois anos depois de terem sido tocadas sem consentimento, ouvido piadas inapropriadas ou qualquer outro ato considerado assédio no local de trabalho.

Em um artigo que vale muito a leitura no Uol, você pode conferir relatos de profissionais que passaram por isso e como isso afetou suas carreiras.

E para quem acha que nada tem a ver com essa pauta, nós temos uma notícia: tudo poderia ser melhor caso a igualdade de gênero existisse. Ou seja: sim, a desigualdade afeta as vidas (e os bolsos) de todos.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) afirmou que o efeito dessa discriminação tem um efeito duplamente negativo no mercado, uma vez que “reduz o nível do capital humano feminino tanto na participação da força de trabalho quanto na produtividade total”.

Colocando isso em números: se houvesse paridade total de gênero, estimasse que em 2030 a renda média per capita mundial seria de US$ 9.142, com US$ 764 a mais do que será se a desigualdade entre homens e mulheres perdurar.

Mais números e dados sobre o assunto você pode conferir em matéria da Época Negócios.

Para finalizar este texto, deixamos um gráfico feito pela Exame para que possamos refletir ainda mais sobre o assunto. Aonde eu e você podemos interferir, no dia a dia, para que esses números mudem?

Ah, recomendamos também este texto superbacana, falando sobre como os negócios podem ser mais sustentáveis com a presença das mulheres nas empresas.

Aproveite também para ler este artigo aqui que fizemos sobre empreendedorismo feminino. Algumas mulheres nos contaram quais são as maiores dificuldades que sentem em relação a este assunto, vale a leitura.