Esqueça a tecnologia de ponta e os servidores espalhados por data centers superprotegidos e secretos. O que diferencia a internet – e seus produtos e serviços digitais – de tudo o que o homem já produziu até hoje é a capacidade de cortar intermediários e reinventar a economia.
Pense em gravadoras e no Spotify. Em universidades e na Khan Academy, em processadores de texto e no aplicativo online que uso para criar este artigo aqui estando em qualquer parte do mundo. Pense em qualquer exemplo de serviço online que tenha alcançado alguma tração; todos terão a eliminação dos intermediários lentos e onerosos ao processo como um de seus grandes diferenciais.
Mais do que isso, os serviços que dão certo focam em entregar apenas uma promessa e com qualidade. Assumem uma missão e se dedicam a cumpri-la, a preencher um vazio (quase existencial) na mente de seus clientes todos os dias.
Se concentraram em fazer uma coisa muito bem, no lugar de várias coisas mais ou menos.
Quer dois exemplos? O Uber e o Nubank. O primeiro já é velho conhecido dos brasileiros e, nas cidades onde está implantado, promete algo simples: levar você em seus deslocamentos a negócios ou a lazer sem complicação, com custo mais acessível e atendimento sem igual.
O Nubank, mais recente, tem uma proposta ainda mais ousada: cuidar do seu dinheiro. A missão deles é reinventar a forma como você lida com o cartão de crédito. Para começar, você nem mais precisa de um cartão físico; ele vira um simpático aplicativo que dá avisos e dicas sobre como usar o crédito de forma consciente.
Nos dois casos, seus criadores captaram necessidades nascentes na sociedade e moldaram seus produtos a elas.
Mas por que esses serviços dão certo e outros não?
A resposta é simples, desde que você entenda que a simplicidade é o grau máximo de sofisticação, como diria Leonardo da Vinci. Esses serviços digitais triunfaram porque conseguiram encontrar, na sociedade, uma necessidade REAL que precisava ser resolvida e se esforçaram (horas, dias, meses a fio!) para transformar essa necessidade na missão da empresa.
Mais do que isso, elas travaram a mira em um foco e passaram a respirar aquela missão. Resumindo: se concentraram em fazer uma coisa MUITO BEM, no lugar de várias coisas mais ou menos.
Pode parecer simples, mas saiba que 90% das iniciativas de negócio – e isso inclui o seu – podem fracassar porque não conseguem se concentrar em uma única proposição. Como eu afirmo isso com tanta certeza? Simples:
Eu já passei por isso.
Em 2009, abri minha produtora que, na época, se posicionava como uma one stop shop. Ou seja, um lugar para você fazer de tudo quando o assunto era marketing digital. E-books, sites, aplicativos. Bacana, né?
Mais ou menos. Nos primeiros seis meses de operação, ganhamos uma grande conta. Com pouca experiência para gestão de pessoas e processos na época, pouco capital para fluxo de caixa e até mesmo quase nenhuma equipe, a mistura entre um grande cliente e uma proposta de serviços ampla demais quase acabou com minha iniciativa.
Entre mortos e feridos, o episódio me ajudou a passar uma borracha pela missão da produtora, repensar minha oferta e, desde 2011, ter um foco simples: a criação de produtos digitais que ajudem a contar a melhor história para pequenas marcas.
Acredite, isso me custa muito trabalho, horas, dias e meses a fio, como disse acima. Mas, ao enxugar a minha proposta de valor, ganho em diversas frentes. Veja só: