Era 2006 quando o Twitter dava seus primeiros passos para se tornar a rede social da instantaneidade e da espontaneidade. Nessa época, aqui pelo Brasil era o Orkut quem estava com tudo, enquanto o Facebook iria começar a dar as caras com força apenas por 2009. Dá para acreditar que o site do passarinho azul já possui mais de uma década de sucesso? E mais do que isso, como é que, em meio a eras tão passageiras, o Twitter ainda não morreu?

Eu responderia em 3 grandes tópicos essa pergunta:

1 – Honra as origens e mudanças coerentes

Um dos principais pontos que me fazem continuar fã do Twitter é que ele é firme em honrar suas origens. Quando a rede surgiu, limitar as pessoas a escreverem apenas 140 caracteres parecia uma afronta absurda, mas foi essencial para mostrar que esse era o diferencial e que quem quisesse fazer parte dessa geração teria que aceitar a condição. Se hoje em dia alguém acha isso ruim? As pessoas sequer percebem a limitação no dia a dia e, inclusive, a defendem quando rolam boatos de mudança.

Diversas alterações aconteceram com o passar dos anos, claro. Mas nada que tenha tirado o passarinho de sua rota inicial. Nada de mais drástico aconteceu e, todas as mudanças foram, na verdade, melhorias e atualizações para acompanhar o ritmo dos usuários.

Os odiáveis anúncios/propagandas foram inseridos na rede há não muito tempo, considerando que normalmente é a partir disso que as redes sociais sobrevivem. E, mesmo assim, eu acho os anúncios bem imperceptíveis na timeline, nada que chegue a incomodar.

Seguem intactos os replys e DMs (Direct Messages) como forma de interação para você não parecer sempre um louco falando sozinho; seguem os maravilhosos RTs (retweets), que foram precursores dessa vibe de compartilhamento que vivemos hoje em dia; seguem as incríveis e inovadoras #hashtags, que revolucionaram a forma de agrupamento na internet.

Até os nomes para os termos que foram inventados pela rede social hoje já fazem parte do nosso cotidiano e comunicação diária. A palavra twitter já existia, e seu significado casava totalmente com o conceito criado por Evan Williams e Biz Stone: “uma pequena explosão de informações inconsequentes” e “pios de pássaros”.

2 – Poder e inteligência em 140 caracteres

Em uma época em que o Whatsapp estava longe de ser criado, foram as mensagens SMS que inspiraram o Twitter. Por isso os 140 caracteres, pois os breves tweets carregavam o intuito de ser uma rápida troca de status e ideias.

O Twitter nos exigiu que fôssemos menos prolixos e acabou por estabelecer uma dinâmica que viria a ser cada vez mais replicada nas demais redes sociais: seja breve e, se quiser, coloque um link ao final para entendermos melhor essa história.

Escrever de forma concisa fez de nós simples mortais um pouco mais publicitários, porque, convenhamos, 140 caracteres é praticamente um slogan.

Conseguir colocar nesse espacinho um pensamento ou uma frase de impacto fez com que a rede se tornasse cada vez mais unida e poderosa.

Foi assim que o Twitter tornou-se o site porta voz das notícias do mundo moderno. Ele tomou o lugar do Google Reader e hoje é uma das formas mais ágeis de você saber tudo o que está acontecendo no mundo, bastando você dar uma espiada nos TTs (Trending Topics) ou mesmo seguindo os veículos de informação ou jornalistas de sua preferência.

Em resumo, o Twitter é a vida em tempo real. Tem notícia, tem desgraça, tem piada, tem revolta, tem memes, tem fotos, vídeos e ainda tem espaço pra gente dar opinião – porque, convenhamos, em tempos de internet ninguém abre mão disso, né.

3 – Nem sempre o melhor é ser o maior

O Twitter nunca foi soberano, infelizmente. Quando não era o Orkut, era o Facebook que o ofuscava. Até hoje ele nunca é a primeira rede social lembrada, mas dificilmente é esquecido. Comece a reparar: a maior parte dos memes, discursos e frases prontas engraçadas ou de impacto que você vê rolando pela timeline do Facebook vieram de onde? Exatamente, do Twitter.

Eu diria que o segredo do sucesso do Twitter é nunca ter sido a maior rede social do momento.

Sabe aquela coisa de querer qualidade e não quantidade? Lá rola uma espécie de seleção natural, onde só os poucos e bons sobrevivem. Longe de mim querer elitizar o site nem nada do tipo, até porque ele está aberto para qualquer um que deseje criar um @arroba.

Mas eu acredito que nem todos entendem a mecânica do Twitter e talvez por isso muitas pessoas não “achem graça” nele. Indo na contramão das demais redes, esse não é o lugar para você postar selfies, inflar seu ego e mostrar como a sua vida é perfeita. O mais próximo disso é tentar fazer piadas maravilhosas e ser retweetado diversas vezes, mas, normalmente, o Twitter é aquele seu amigo fiel que está lá quando você precisa desabafar e dar umas risadas para descontrair.

E então, o Twitter ainda não morreu, mas será que vai durar pra sempre?

Eu adoraria poder prever que o Twitter vai durar mais dezenas de anos, mas sendo tudo tão efêmero nos dias atuais, já podemos comemorar que ele esteja rumando para os 12 anos. Segundo dados divulgados pela empresa no início do ano, o Brasil foi o país com o terceiro maior crescimento de usuários, alcançando um crescimento de 18% quando comparado o período de 2016 com o de 2015.

Ou seja, mesmo depois de períodos de queda e incertezas, a rede segue ganhando força, pelo menos aqui no país.  E eu acredito que, se seguir honrando suas origens, seus 140 caracteres, sua imponência e sua funcionalidade, o Twitter tem tudo para sobreviver sendo aquela rede social alternativa diante de outras tão poderosas como Instagram, Facebook e Youtube.

Você pode conhecer poucos usuários assíduos do Twitter, mas ouse perguntar para eles qual é a melhor rede social até hoje. Arrisco dizer que seus fieis seguidores o defenderiam com unhas e dentes diante dos outros gigantes da internet, nem que fosse com memes e hashtags inabaláveis. #twitter4ever