4 lições fundamentais para parar de procrastinar
Procrastinação e frustração: uma relação mais fiel do que você imagina.
Este artigo foi escrito por
Tuani Mallmann.
Adiar a realização de uma tarefa ou decisão vai fazer com que você não precise mais fazê-la? Se você sabe a resposta, já é um bom começo.
Como é difícil ser um procrastinador. Como é difícil ser eu e, aposto, como é difícil ser você, não é? Não vou dizer que duvido completamente que não existam pessoas procrastinadoras, mas acredito que todo mundo carrega um pouquinho desse mal em si. Eu, por exemplo, estou com esse tema para escrever há dias, mas fico sempre esperando a inspiração surgir para fazê-lo.
Lição número 1
Não dá para ficar a vida toda esperando a bendita inspiração aparecer para fazer as coisas, é preciso parar de procrastinar. Até existe aqueles insights específicos para escrever um artigo, pintar um quadro ou terminar aquele projeto da faculdade. Mas, quando é que você vai estar inspirado para ficar na fila do banco para falar com o gerente e resolver aquelas tretas financeiras que você está adiando há meses? Desculpe dizer, mas esse dia nunca vai acontecer, então é melhor resolver logo, ok?
Sejamos honestos: adiar uma tarefa vai fazer com que você não precise mais fazê-la? Não, né? A resposta pode até ser sim, como algumas vezes no trabalho já adiei tanto uma coisa que ela passou a não ser mais relevante porque o timing da coisa já havia passado. Se eu me orgulho disso? Claro que não! Aliás, o saldo não foi nada positivo para minha consciência e motivação, porque além de procrastinadora eu me senti frustrada por não ter alcançado um objetivo.
Minha profissão envolve a escrita e, desde que me tornei freelancer, muitas vezes caí no conto do “ah, amanhã eu faço porque hoje estou sem inspiração para escrever”. Mas depois de perder muitos prazos e até jobs pela minha irresponsabilidade – sim, amigos, no fim das contas, ficar deixando pra depois não envolve somente a sua capacidade de atingir metas, mas também a sua imagem como profissional, se for esse o campo envolvido -, finalmente percebi que não dá para ficar empurrando as coisas com a barriga eternamente.
Aliás, quando eu finalmente encaro meus desafios de frente, a sensação quando termino é extremamente feliz – depois dos dois minutos que passo me xingando e me sentindo idiota por ter adiado tanto algo que nem era tão complicado.
Lição número 2
Amanhã algo catastrófico pode acontecer e deixar a sua vida de cabeça para baixo – e ainda com o peso de não ter feito o que tinha que fazer. É bem clichê, mas se tem algo que tenho aprendido nessa vida é que tudo que é clichê é muito verdade.
Alguns fatos podem dar uma lição para quem é admirador da arte de deixar pra depois. Do nada alguém da família pode morrer e você terá que largar tudo para ir a um velório – é trágico mas já aconteceu comigo, sorte que o trabalho estava em dia; você pode acordar com uma gripe que derruba até cavalo, e nem com toda a vontade do mundo vai conseguir levantar da cama para finalizar aquele job atrasado; você pode ter um imprevisto como seu carro pifar no caminho pro trabalho; e assim por diante.
E só quem já se deu mal por não ter uma mínima antecedência sabe como isso é humilhante e desconfortável. Claro, isso se você tem pelo menos um pouco de senso de responsabilidade para se sentir mal com a sua irresponsabilidade. Mas, cá entre nós, eu acredito em você e acredito que se você está lendo esse texto é porque deseja profundamente mudar – e esse já é um grande passo.
Lição número 3
Questione-se se o que você está fazendo enquanto deveria trabalhar ou estudar vale a pena. E aqui insiro uma fala do Tim Hurban em um TED disponível no Youtube, quando fala sobre o Dark Playground que é a vida do procrastinador. “O Parque de Diversões Obscuro é um lugar que todos vocês procrastinadores por aí conhecem muito bem. É onde atividades de lazer acontecem nos momentos em que atividades de lazer não deveriam estar acontecendo. A diversão que você tem no Dark Playground não é realmente divertida, porque é completamente imerecida, e o ar fica repleto de culpa, temor, ansiedade, ódio a si mesmo, e todos esses sentimentos dos procrastinadores.”
Se identificou com o que ele disse? Eu sim. É engraçado que, quando eu digo para as pessoas que penso em largar minha vida de freelancer porque preciso de uma rotina mais regrada, há quem se assuste. Na verdade, a maioria das pessoas se surpreende. Mas, no fim das contas, de que adianta poder fazer seus horários e ser seu próprio chefe se você não consegue se organizar para fazer as coisas mais básicas e respeitar os prazos desejados?
Às vezes tudo começa com uma pequena pausa para desopilar, mas quando você percebe já rolou toda a timeline do Instagram e do Facebook. E é assim que funciona o tal Dark Playground, porque, por mais que você ame cachorrinhos fofinhos, vale mesmo a pena perder duas horas do seu dia vendo esses GIFs nas redes sociais? O que eles te acrescentaram? Eles trouxeram a inspiração que você buscava ou só tiraram mais ainda seu foco?
Lembre-se que quanto menos tempo procrastinando ao longo do dia mais tempo livre vai sobrar para o lazer. Você prefere perder duas horas do dia sem nem perceber lendo memes de Facebook ou, ao final do dia, ter essas duas horas para ver dois episódios da sua série do momento? Isso sem falar na tranquilidade de terminar o dia com a sensação de dever cumprido, o que dá muito mais energia para as próximas tarefas que for executar.
Lição número 4
Infelizmente a procrastinação não é um mal apenas da nossa geração/década/século, e sim um mal do ser humano. Portanto, pare de falar que procrastina achando que isso é engraçado ou tentando justificar que isso ocorre porque você trabalha com internet e isso te tira o foco. Enquanto não assumirmos que procrastinação é irresponsabilidade, dificilmente iremos entender a gravidade do problema.
Enquanto lia outros textos para escrever este artigo, encontrei no site Hypeness um link que me surpreendeu e só confirma a teoria da lição número 4. Como você pode ver aqui, em 1925 o inventor Hugo Gernsback criou um capacete antidistração, chamado O Isolador. O intuito do capacete era eliminar sons e outras distrações ao redor da pessoa enquanto estivesse estudando. Meio assustador e radical, mas provavelmente eficiente.
…
Enfim, se você leu este texto até o fim e está com vontade de mudar seu estilo de vida, parabéns! Podemos não conseguir eliminar 100% os clássicos empurrões com a barriga, mas quando mais diminuirmos essa prática, mais felizes e realizados seremos. Para dar aquela ajuda amiga, dá uma espiada neste post aqui em que falei sobre como organizar melhor seu tempo. É um bom começo para organizar a vida, mudar hábitos viciados e tentar parar de procrastinar.