Depois da estreia do Fala Founder com o Matias Vazquez, que você pode conferir aqui, hoje trouxemos um bate-papo com a Eliane Domingos, founder do EDX Coworking, localizado no centro do Rio de Janeiro. Com uma estrutura com 13 estações compartilhadas de trabalho, três salas privativas e 11 salas para treinamento, hoje o EDX é composto por mais de 600m² e não para de crescer.

A Eliane contou pra gente sobre como funciona a rotina do espaço dela, quais diferentes serviços estão disponíveis e como rola a interação com os clientes. Falamos também sobre o presente e o futuro do coworking no Brasil, sobre as conexões da comunidade e fatores de sucesso para esse negócio.

Dá uma olhada!

Principais pontos do papo:

Fernando Aguirre – Por que você decidiu investir em coworking? Como começou essa história?

Eliane Domingos – O nome EDX vem de Eliane Domingos e o X dá a ideia de multiplicar. Trabalhei 20 anos em uma empresa e após anos de dedicação, fui dispensada, e então, decidi abrir uma empresa de tecnologia chamada EDX. Comecei na tecnologia trabalhando com softwares de código fechado, mas quando fui apresentada ao software de código aberto me apaixonei. Já se vão mais de 20 anos nessa área, são anos de liberdade e não há quem me convença a voltar para o aprisionamento

Quando chegou 2008, passei a ter uma sala alugada, onde funcionava minha empresa de tecnologia. Os anos foram passando e em 2014 nós começamos a ver aumentar a frequência de pessoas da comunidade de software livre dentro do espaço. Só que eu não cobrava nada por isso. Ou seja, eu tinha as despesas fixas, como aluguel e condomínio, e vi que estavam aparecendo cada vez mais pessoas ali.

Foi então que, conversando com o Cadu, que também é de comunidade de software livre, ele me disse: “Eliane, você tem um coworking aqui, só você que não sabe”. Então eu poderia dizer que o despertar do EDX Coworking nasceu de um papo com o Cadu de Castro Alves.

Em 2015, abrimos efetivamente o espaço compartilhado, enquanto eu mantinha a minha empresa de tecnologia. Dentro de um mesmo espaço estavam funcionando as duas empresas, o que é bem comum para os founders que começam a investir em coworking.

Então percebi a chegada da crise na área de tecnologia, quando começamos a perder muito mercado. Ainda temos alguns trabalhos em andamento, mas foi aí que começamos a focar mais no coworking.

Primeiro nós abrimos uma sala com a estrutura básica de mesas e cadeiras e criamos uma logomarca. Então começamos a ver uma frequência, vimos que as pessoas estavam interessadas. Quando chegou no meio de 2015, sentimos a necessidade de ter uma estrutura melhor. Ao invés de ser apenas uma mesa de vidro com cadeiras e wi-fi, queríamos ter uma sala fechada, com estações de trabalho, mesas e cadeiras pensadas ergonomicamente.

Então fomos lá e investimos, o que mudou totalmente a cara do negócio. Mas ainda tínhamos algumas coisas a melhorar, conforme pegávamos o feedback das pessoas. Como as cadeiras, por exemplo, que eram muito bonitas, estofadas, mas desconfortáveis. As pessoas reclamavam e só depois que trocamos todas as cadeiras por modelos mais ergonômicos é que a coisa parece ter dado um salto de qualidade.

Nesse meio tempo a Alexandra Yusiasu dos Santos, founder do Juntus Coworking, visitou o espaço. As dicas da Alexandra foram fundamentais para a melhoria do nosso serviço. Por isso que digo que Cadu e Alexandra são pessoas muito especiais pra mim, pois o compartilhamento deles foi fundamental para a existência da EDX. A eles, os meus mais sinceros agradecimentos.

 

E como é a questão de estrutura pra vocês?

Eliane – Bom, chegou um momento que eu acabei me voltando para o meu mundo e me questionei como eu gostaria que fosse o meu coworking. Como eu gostaria de ser tratada? Como eu gostaria que fosse meu escritório? E foi aí também que decidi mudar a logomarca. Contratamos o serviço da We do Logos, e um designer foi iluminado e criou nossa nova marca e nos inspiramos em cores da marca do Google para dar sorte.

E, além do coworking, em 2015, estávamos com duas salas privativas e uma para treinamento. A procura continuou grande, foi a época que investimos no Coworking Brasil e em redes sociais com patrocínio. Depois disso, notamos um crescimento da demanda e começamos a não ter mais espaço livre.

Foi então que, em 2016, decidimos alugar uma segunda sala no mesmo prédio, no andar abaixo do nosso. Nessa sala tínhamos um espaço privativo, mais uma sala com 6 estações de trabalho, uma sala pequena de reuniões e uma sala grande para fazer treinamentos e eventos.

Com o passar do tempo, pensamos muito em ter salas flexíveis, visando facilitar o atendimento das demandas de clientes e optamos por mobílias flexíveis..

Percebemos que, apesar de não haver nenhum luxo no nosso espaço, as pessoas gostam do que temos, que é simples, agradável e que atende as necessidades.

Buscamos sempre fixar as cores da logomarca da EDX, dando um toque de cores (azul, vermelho e amarelo) em todos os detalhes do espaço. Sinto que as cores trazem alegria para as pessoas e fogem do tradicional dos escritórios, daquela seriedade. As cores têm até um papel de quebrar o caos da rua, quando a pessoa chega em nosso espaço ela se sente bem, se sente leve, acolhida.

Como foi o pulo de uma sala para um andar inteiro?

Eliane – Dá medo, claro. Dá aquela insegurança e torcemos para que dê certo, corremos muito atrás para que desse certo. Mas observamos claramente uma coisa, eu não sei como é em outros espaços, mas aquela frase popular que diz “quem engorda o gado é o olho do dono”, é a mais pura verdade. Acreditamos e deu certo!

Muita gente nos pergunta por que ainda não abrimos uma filial em outro estado. Isso não é algo que eu vislumbre, mas não posso dizer jamais, não é mesmo? Não saio daqui, quero ficar aqui, participar junto com os clientes. Eu posso estar junto com eles, ouvir o problema deles e às vezes, até mesmo num simples bate-papo, acabar arrumando uma solução para esse problema. Gosto desse convívio, é muito importante pra mim e pra eles.

É impressionante como as pessoas ficam felizes quando é dada a devida atenção a elas. Isso aqui não é só o meu ganha pão, eu estou vivendo as histórias junto com eles.

 

Como vocês fazem para construir a questão da comunidade?

Eliane – Quando a gente fala de comunidade é muito bonito, mas é muito difícil construir uma comunidade. Porque às vezes depende de quem está no negócio. Se for uma pessoa que não tem o conceito de compartilhamento, do que é comunidade, a gente não consegue construir isso.

Temos parceria com dois espaços de Coworking (Tribo e Vinst) que são em bairros diferentes (Copacabana e Barra), mas temos uma sinergia muito grande. Um ajuda o outro, compartilhamos as alegrias, as tristezas, tal qual um casamento.. Temos um grupo no Whatsapp com alguns founders de espaços do Rio, onde compartilhamos muita informação para ajudar quem está chegando. Evidentemente nem todos os espaços estão ali, ainda há quem não compartilha essa consciência do coworking, alguns nos olham como concorrentes. Acredito que só o tempo pode mudar esse pensamento.

Estamos, inclusive, planejando um encontro de coworkings do Rio. Não sei se vai ser um encontro regional exatamente, mas a ideia é reunir os founders daqui porque a nossa realidade acaba sendo bem diferente da realidade dos coworkings de São Paulo, por exemplo.

O encontro nacional é bacana para inspirar, mas não podemos nos deslumbrar, temos que colocar o pé no chão para fazer as coisas acontecerem. Por exemplo, os impostos de São Paulo são menores do que no Rio de Janeiro, então só aí já temos uma diferença grande.

                                              

Você tem alguma metodologia mais definida de como fazer essas conexões acontecerem ou é uma coisa mais orgânica mesmo?

Eliane – É bem orgânico. E isso me impressiona. Todos aqui estão querendo promover alguma coisa, algum negócio, e eles precisam de um impulsionamento para que aquela atividade deles dê certo. Ajudamos nisso, porque acreditamos que o sucesso do nosso cliente também é o nosso sucesso.

Penso que hoje a EDX é um braço, um apoio muito grande para o cliente, seja ele um coworker ou um cliente que vai alugar uma sala de reuniões, de treinamento ou para um workshop.

 

O pessoal de todas essas salas interage entre si? Você lembra de algum caso de negócio que aconteceu aí?

Eliane – Ah sim, tem o exemplo do arquiteto que precisava montar uma clínica e precisava fazer toda a estrutura de TI também. E nisso, no apresentar o profissional para o outro de TI, já rolou um pedido de orçamento e acabou fechando o negócio.

O pessoal das salas privativas interage bastante com os coworkers do espaço compartilhado. Eles têm uma sala de convívio, para o café, para aquele break da rotina, e é dali que saem novos negócios e parcerias.

 

Eu estou muito interessado em saber como essas conexões acontecem. Isso é mais orgânico ou tem um método?

Eliane – Acontece muito a partir das apresentações que fazemos entre os coworkers. Sempre que chega alguém novo, nós apresentamos, já que eles vão ficar no mesmo ambiente, isso é básico. Nós forçamos o start, além de sempre fazermos festas nos aniversários e outros eventos internos. Não fazemos toda hora, porque o perfil do nosso pessoal é mais sério, sinto que, se ficarmos fazendo algo toda hora, eles já não comparecem, pois tira muito o foco do trabalho.

Também há na nossa sala um quadro para que todos coloquem um cartão de visitas, até para quem visita o espaço de vez em quando ter a oportunidade de dar uma olhada.

 

E com a comunidade externa, com o bairro, a região, tem como interagir de alguma forma? Tem alguma parceria com restaurante, estacionamento, algo do tipo?

Eliane – Nesse sentido hoje nós não temos. Atualmente estamos contratando uma pessoa para a área comercial do EDX, pois eu preciso ficar um pouco mais livre para fazer esse tipo de relacionamento.

No início eu tentei fazer parcerias com restaurantes, mas quando você fala em parceria as pessoas já querem sair correndo, rola um medo. Parceria tem que ser bom para os dois lados.

Atualmente nós apoiamos um evento, cedendo a sala para que ele aconteça. É um evento cobrado, um valor simbólico em torno de R$ 40, que se chama Empreenda-se. Na primeira edição do evento, os realizadores nos procuraram para locar uma sala para 40 pessoas. Apareceram só 7 pessoas no evento. Depois do evento, fui falar com os organizadores, porque gostei muito da proposta deles, mas vi que tinha que ser melhorado. Eles haviam pago do bolso pela sala e não cobraram entrada do público. Comentei que evento gratuito não daria certo e, que se eles quisessem êxito na empreitada, deveriam passar a cobrar a entrada. Foi daí que propus a parceria, de ceder o espaço para eles fazerem os eventos em troca da divulgação do espaço.

Já na primeira edição paga, houve um salto de 7 para 22 pessoas. Dado o sucesso,  o evento passou a ser realizado mensalmente, e hoje o número de participantes chega a 50 pessoas. Insisto muito nessa questão dos eventos serem pagos, não existe chopp de graça.

É bacana observar que as pessoas nesses eventos ou são empreendedoras ou estão desempregadas, com a grana da rescisão em mãos, querendo empreender e precisando de um norte. E esse evento é basicamente isso, ajudar a dar esse norte para as pessoas.

 

E essa parceria, já gerou algum retorno direto pra vocês?

Eliane – Já gerou sim! Já fomos procurados por pessoas que falaram que conheceram a EDX através do evento. Então é bacana, porque o evento é importante, desperta impulsos de empreendedorismo nas pessoas e elas acabam alugando um espaço aqui para começar seu projeto. Isso é muito legal pra gente. A sinergia disso é muito boa.

 

Como é a relação de vocês com os clientes?

Eliane – Nossa relação com os clientes é de muita transparência. Estabelecemos regras e é como dizem: o combinado não sai caro.

Ao prestar um serviço, eu penso “como eu gostaria que fosse esse serviço se eu estivesse contratando ele?”. Então, a minha frase é: “eu vendo sonho e entrego sonho”. Acredito que os serviços no Brasil seriam muito melhores se as pessoas pensassem assim. Porque aqui, em geral, você compra um sonho e recebe um pesadelo, e isso precisa mudar.

Outra coisa que percebo aqui é que coworking é educar. Todos os dias é uma prática de convivência, de dar o exemplo e fazer as pessoas entenderem que estão em um ambiente compartilhado. Isso aqui é muito mais do que locações de estação de trabalho ou salas de treinamento e reuniões. Isso aqui é networking, é educação, é respeito, é uma série de coisas que as pessoas aprendem com o tempo.

Somos bem rígidos com regras aqui. Alguns clientes às vezes não entendem que não é oba oba. Aqui não tem essa coisa de “ah, eu tô pagando, posso fazer o que eu quiser”. Se o cliente paga por três horas de sala, não tem essa de ficar quatro horas.

Esse também é um trabalho diário, você tem que fazer as pessoas entenderem esse senso de comunidade, que uma estação compartilhada é compartilhada e não a sala de trabalho particular dele.

Pode até parecer que aqui é um quartel, mas não se trata disso, aqui é um espaço de trabalho, de respeito e com regras. Parece que é algo que muitas pessoas não estão acostumadas. Mas somos assim.

 

Você já teve algum caso de cliente não gostar das regras?

Eliane – Sim! E até o final eu fui firme com essa questão do respeito. Deixei claro que ele precisava respeitar o horário pois haviam clientes na sequência e precisávamos liberar a sala. Assim como a sala estava pronta pra ele no horário combinado, a sala deveria estar pronta para a próxima pessoa. Já tive situação da pessoa terminar a reunião no hall do coworking, porque havia extrapolado o horário.

Você comentou que você está sempre presente no dia a dia do coworking. Você acredita que é fundamental que o founder esteja ali presente sempre?

Eliane – Bom, como eu só tenho um espaço, estou sempre muito presente. Acho muito importante a presença do founder, não que precise ser o dia inteiro, porque também é essencial delegar tarefas para os funcionários. E não só passar as demandas, mas dizer cada detalhe de como você quer que sejam feitas, para garantir um padrão. Um líder precisa estar sempre por perto de sua equipe.

Nosso time hoje possui quatro pessoas. Funcionamos de segunda a sábado e já começamos a ter demandas em domingo. É preciso estar próximo, é preciso acompanhar de perto. Exige tempo, é como um relacionamento, quase um casamento.

 

Como foi o processo de escolher o imóvel e a região?

Eliane – Como já estava estabelecida no local como uma empresa de tecnologia, decidimos seguir com o Coworking no mesmo local, já tínhamos toda a infra e a localização é muito boa.

 

Além da localização estratégica, o que você considera que faz com o que o teu cliente feche contigo e não com o concorrente?

Eliane – O atendimento, sem dúvida alguma. Se você tiver um ótimo espaço, uma infraestrutura grandiosa, mas não tiver um bom atendimento, o cara não volta, por mais bonito que seja o espaço.

Fazemos conexão com com as pessoas, nosso atendimento não é algo frio, que o cliente vem aqui, aluga a sala e vai embora. Eu gosto de saber como foi a experiência pra ele, acho que isso tudo é um diferencial, não um mero detalhe.

 

O que você vê que deu mais certo aí na EDX? Algo que vocês se orgulham de ter construído.

Eliane – Acho que a nossa organização é um fator de orgulho. Dá uma alegria quando o cliente chega pra gente e diz “nossa, como vocês são organizados”.

Eu sou muito organizada, mas eu não posso querer que todos sejam igualmente organizados. Então, vejo que preciso estruturar as coisas de forma que as pessoas que trabalham comigo não dependam de mim e mesmo assim consigam manter a ordem. Por isso tudo aqui é padronizado, tudo está documentado.

Então o que nos orgulha é ouvir o feedback dos clientes quando eles dizem que somos muito organizados e que eles foram bem atendidos.

Tem muito espaço que acha que é só ter uma sala, colocar mesas, cadeiras e internet e pronto. Mas não é bem assim. São muitos os detalhes e existem dificuldades, existem problemas também.

 

O que você acha do crescimento dos coworkings no Brasil? Como tu vê a chegada dos grandes players?

Eliane – Eu fico muito contente de ver o crescimento desse mercado. No entanto, me deixa um pouco preocupada se dentro desse número são apenas espaços de coworking, porque eu vejo que em alguns lugares o movimento está um pouco prostituído.

Eu acho ótimo que o mercado esteja crescendo, não vejo como concorrência, porque eu não tenho capacidade de atender toda a demanda. Ninguém pode abraçar o mundo. Mas existem lugares abrindo, se intitulando coworkings, que na verdade são só pessoas com mesas livres em seu escritório, como por exemplo escritórios de advocacia, publicidade e marketing, contabilidade e etc., que só visam dividir as despesas. Isso pra mim não é coworking.

Há também ações em shoppings, que pegam um espaço vazio, montam toda a estrutura e batizam de coworking. Isso para ser um chamariz para o shopping, pois quando aquele espaço isca for ocupado por algum cliente em potencial, eles desfazem a estrutura. Aliás, fica aí um alô para os shoppings centers: se querem realmente propagar o conceito de coworking, procure-nos e podemos estabelecer uma parceria que seja boa para os dois lados.

Agora, uma coisa que está incomodando em nossa comunidade, infelizmente, são os concorrentes grandes que estão chegando no mercado e não estão jogando limpo. Como por exemplo, os que estão espionando os espaços existentes e oferecendo aos clientes espaço de graça para trabalhar, como isca para tirar os nossos clientes. Aí vem a pergunta: 0800 até quando? É igual a promoção das internets, que oferecem um combo com o preço lá no chão e após três meses, boom!!!! A conta vem e vem para cobrir aqueles três meses que pagamos um preço bem baixinho!

Há também aqueles que estão enviando brindes para os clientes dos espaços de coworking, com caneca e uma cartinha, convidando para se retirar do espaço. Nossa, quem faz um negócio desses realmente não entende nada do conceito de coworking.

Abominamos esse tipo de comportamento e acreditamos que isso demonstra o caráter do dono do espaço. Ah, e não cito os nomes dos espaços, pois não quero fazer propaganda deles. 🙂

Nosso tempo é precioso, não podemos ficar olhando esses players chegando e ficar com medo. Acho mais importante é focar no negócio e melhorar a nossa oferta. Mas claro, isso não quer dizer que estamos de olhos fechados para o que está acontecendo.

Coworking são pessoas, coworking são conexões, eu acredito cegamente nisso.

 

Como você imagina que vai ser daqui a 10 anos? Como o mercado vai crescer?

Eliane – Eu acho que todos os escritórios corporativos vão acabar e se enfiar dentro de coworkings. Tem algo muito especial que eu percebo: às vezes você trabalha em uma empresa que tem 50 funcionários numa mesma sala e um não olha pro outro, eles não interagem. Quando essas empresas se instalam em coworkings, as pessoas e as empresas interagem mais, desperta uma curiosidade de conexão com a pessoa da outra empresa.

Quando você está em um espaço, com várias pessoas e empresas, a interação é infinitamente maior e melhor. Eu acho que o futuro é esse, as empresas vão se transferir para coworkings, como já vem acontecendo.

Mas é claro, esse despertar está sendo amadurecido, ainda vai levar um tempinho para acontecer.

 

E para o futuro da EDX, o que você visualiza?

Eliane – A gente agora está percebendo um mercado que seria de salas para contingência. A gente percebe que existem empresas que acabam precisando de um espaço por 6 meses ou um período x para poder executar um projeto. São empresas que não podem se comprometer com um contrato grande e longo.

Então a gente tem planos nesse sentido, planos de crescer mais. Para 2018 a gente pensa muito nisso, de ofertar serviços de salas de contingência. Quero aumentar meu leque de opções e meu espaço.

Outra coisa que eu gostaria de fazer, mas que ainda preciso estudar bem, é ter aqui um coworking segmentado, como por exemplo para advogados, arquitetos, designers…

 

Mas por que você acha que um espaço segmentado faria sentido?

Eliane – Bom, na advocacia, por exemplo, existem várias áreas de atuação, e eu acho que entre eles há muito o que agregar, um pode aprender muito com o outro. E hoje em dia eles estão separados, cada um tem seu escritório, cada um tá no seu canto. Eu acho que, com eles estando em um mesmo lugar, várias oportunidades podem acontecer.

Os advogados, por exemplo, não querem uma coisa tão solta mas também não querem ficar isolados. Eles querem uma sala privativa, mas não abrem mão da comunidade, de falar com pessoas.

 

Se você fosse abrir o EDX hoje, do zero, o que você faria diferente?

Eliane – Eu acho que a gente começou errado na questão do mobiliário, mas depois percebemos o erro e corremos atrás para consertar. E outra coisa que eu teria feito diferente, desde o início, é investir em uma identidade visual.

 

E para um founder que está começando hoje, que dica você deixaria?

Eliane – Invista primeiro em abrir a sua empresa de forma correta, informe-se com quem já fez isso antes. Invista na sua logomarca, em um bom site. Ah, e não invista pensando que vai ter retorno em dois meses, mas sim em um retorno daqui a dois anos, é importante ter isso em mente.

Também tem que pensar que você precisa ter serviços agregados além das estações de trabalho compartilhadas. É como uma banca de jornal que hoje em dia não vive mais só da venda de jornais e revistas. É preciso se reinventar para sobreviver às mudanças do mercado.

E por fim, aprofunde-se primeiro e conheça o que é o coworking antes de abrir o seu negócio. Se você entender todo o conceito e fizer parte de nossa comunidade, terá êxito.

Minha frase de efeito e fazendo um trocadilho com o espaço de coworking Juntus, de Londrina, aí vai: Juntus somamos forças, subtraímos dificuldades, multiplicamos conquistas, e dividimos experiências.

Esperamos que as vivências da Eliane possam ajudar todos aqueles founders que estão começando e também aqueles que já estão em cena em busca de uma reinvenção.

O que você achou mais inspirador desse Fala Founder? Deixa um comentário pra gente que vamos adorar saber a sua opinião!