O status do mercado de coworking brasileiro em meio ao COVID-19 | Abril
Uma rápida análise sobre como os espaços compartilhados tem se comportado durante a pandemia.
Este artigo foi escrito por
Fernando Aguirre.
Alguns dias atrás rodamos uma pesquisa dentro dos espaços que fazem parte da nossa comunidade. A ideia era entender se os coworkings estavam abertos ou fechados, e como a quarentena está afetando um segmento tão dependente da interação humana. A pesquisa aconteceu no dia 2 de abril, e teve a participação de 178 espaços de coworking, distribuídos por 15 estados brasileiros.
Apesar de este material trazer uma reflexão interessante, por favor perceba que ele é um questionário informal, baseado em um recorte de região e data. Com a evolução da pandemia pelo Brasil, os dados podem estar desatualizados. Tentaremos manter esse artigo com informações frescas, refazendo a pesquisa no início de maio.
2 em cada 3 espaços de coworking estão fechados.
No início de abril, 73% dos espaços já estavam fechados ao público. No total, 45,5% estão completamente fechados e 28,1% alegam estar fechados, mas eventualmente recebem a visita de algum coworker. 23% dos espaços permaneceram abertos apenas para membros fixos, sem acesso de visitantes ou eventos.
Dentre os motivos que levaram ao fechamento, a grande maioria (39,9%) foi devido as restrições dos governos estaduais/municipais impostas na região. Já um percentual um pouco menor (21,9%) diz que iria encerrar as atividades de qualquer forma, com ou sem restrição legal. Essa fatia acredita ser o movimento correto a fazer nesse momento, colaborando com o isolamento social recomendado pela OMS. Já pra 15,2% dos espaços a decisão não foi exatamente deles, uma vez que os coworkers simplesmente pararam de frequentar o espaço, deixando o gestor sem alternativa.
As perspectivas futuras são positivas, mas talvez nem todos consigam aproveitar.
Um dado super preocupante vem relacionado a saúde financeira dos espaços. Menos de um terço afirmou ter caixa para suportar 3 meses ou mais de isolamento social. 27,5% diz ser capaz de segurar 2 meses sem faturamento, e pouco mais de 31,5% afirmaram ter apenas um mês ou menos de caixa disponível. Diversos espaços já estão encarando a real possibilidade de fechar as portas de vez nas próximas semanas. Nesse momento, aqueles que são proprietários do local tem uma certa vantagem sobre os locatários.
Alarmando ainda mais o cenário, está a perspectiva de duração da crise. Metade dos entrevistados acreditam que vão precisar de 3 meses ou mais para o fluxo de pessoas voltar ao normal nos seus espaços. 30% aposta em pelo menos um trimestre. 21% acreditam que serão necessários ao menos 6 meses para o movimento retomar o cenário pré-crise.
No entanto, quando questionados sobre perspectivas futuras, a grande parte dos gestores demonstra empolgação. 41% dizem estar ligeiramente otimista, enquanto 16% garantem se sentir muito otimista para o futuro do mercado de coworking. Dentre os motivos, muita gente tem apontado a recente descoberta do trabalho remoto por muitas empresas, o que deve levar a um aumento na demanda por coworking no futuro. Falamos um pouco sobre isso neste artigo. De forma até surpreendente, apenas 17% se mostraram pessimista sobre o futuro do coworking pós Cornonavírus.
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Acredito que apesar de breve, este levantamento traz uma verdade nua e crua. É consenso que em algum momento futuro, o mercado espera que o crescimento volte aos patamares anteriores e, talvez, até receba um empurrão de novos públicos. O problema latente é que nem todos terão gordura pra queimar e ver esse dia chegar. Quem conseguir se planejar agora, vai voltar com tudo lá na frente.
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