Há alguns meses, por conta do início da pandemia e do lockdown na maior parte do mundo, tivemos um turbilhão de informações bem difícil de organizar. Encontrar novas soluções de trabalho, ficar em casa e se proteger, acompanhar os novos dados sobre o COVID-19 e ainda achar um tempo de descontração para não enlouquecer.

Nos meses de abril e maio a agenda de lives nacionais e internacionais foi intensa. Era difícil de acompanhar, mas, aos poucos, as pessoas entenderam que não precisavam participar de tudo o tempo inteiro. E, agora que o home office se tornou realidade pra uma parcela maior da população, é preciso encontrar um equilíbrio entre as horas de trabalho e as de lazer.

Por conta desse excesso de informação inicial, muita gente que até queria se inserir na programação de lives foi deixando suas ideias de lado, ou até tentou uma ou outra vez e foi engolida pela quantidade de opções disponíveis. Talvez você ainda esteja se perguntando “será que tem espaço para mais gente fazer lives?”. 

Bom, os números estão aí para nos mostrar que a mudança de comportamento é evidente, e que há espaço pra todo mundo sim. Em março, o aplicativo Zoom alcançou 200 milhões de usuários diariamente – antes da pandemia o número era de 10 milhões. Até o final de abril, o Instagram havia registrado aumento de visualizações e interação de 25%; as chamadas de áudio e vídeo via Facebook dobraram, e a quantidade de tempo gasto em calls aumentou em 1.000%; apps de mensagem como Whatsapp e Facebook Messenger tiveram cerca de 70% mais acesso.

Se em alguns aspectos foi difícil se adaptar com as restrições impostas pela pandemia, não houve muita resistência quando o assunto foi o uso de novas plataformas e tecnologias. Com as pessoas em casa, a transição ocorreu naturalmente – afinal, o processo de digitalização já vem acontecendo na última década, 2020 apenas acelerou as coisas.

Para pensar nos eventos que você deseja criar daqui para frente, leve essas mudanças em consideração. Depois disso, existem alguns detalhes importantes a serem repensados.

É hora de se reaproximar da sua comunidade. 

No artigo anterior, quando falamos sobre os três grupos de eventos que você pode criar, o que é possível perceber em comum é que eles existem para servir o público. Seja entretendo, levando conteúdo ou mantendo conexões, quem está em foco é o espectador, e quem promove o encontro tem papel de mediador. É claro que, ainda assim, quem promove eventos colhe frutos, mas esse não é necessariamente o principal objetivo, entende?

Em um momento de tantas incertezas, você precisa saber o que está acontecendo na vida das pessoas que confiaram no seu espaço para ser parte de suas carreiras e empresas. Você sabe em que momento eles estão vivendo? Quais foram as consequências da pandemia para o trabalho deles? E como você pode ajudar, o que você pode entregar para facilitar a vida do seu coworker?

A partir dessa reaproximação e sabendo dos casos particulares dos seus coworkers, você saberá por onde começar, que tipo de conteúdo entregar. E isso vai se aplicar tanto em caso de exceção, como durante a pandemia, ou no futuro quando as coisas se acalmarem e o cenário for outro. Só haverá engajamento do público se o assunto for interessante para ele.

Dê voz aos seus coworkers.

Já falamos anteriormente como a sua comunidade está cheia de especialistas, e só você saberá, conhecendo um a um, o que pode interessar e talvez até como eles podem auxiliar os demais coworkers. Talvez o André, que trabalha com consultoria em Marketing Digital, possa mediar uma palestra sobre posicionamento digital de marcas durante a pandemia, por exemplo. E a Ana, que tem uma empresa de contabilidade, pode fazer um talk orientando os coworkers sobre a flexibilização em impostos que o governo concedeu a empresas por causa das incertezas da economia.

O bacana dos encontros online é justamente que você pode engajar além do seu círculo.

Esses são dois exemplos que surgiram aqui enquanto eu escrevia, pensando em pessoas e situações hipotéticas. Imagina quantos insights não podem surgir se você tirar um dia para analisar nome por nome quem faz parte do seu espaço. Ao fazer uma lista das pessoas que ocupam suas cadeiras, certamente dá para criar uma programação bem interessante de eventos. É bacana para quem assiste e também para quem está em destaque mostrando um pouco de seu trabalho e expertise.

E, ao fazer essa lista, se você perceber que não sabe muito da atual situação dos coworkers, volte duas casas no tabuleiro e coloque em prática o que falamos ali em cima sobre reaproximação. Pegue o telefone, ligue ou mande uma mensagem perguntando como estão as coisas, se tem algo que você poderia ajudar.

Engajamento é trabalho de formiguinha.

O engajamento nos seus eventos online será compatível com a conectividade da sua comunidade. Se quando você fazia eventos presenciais o público de uma palestra era de 10 pessoas, se você conseguir levar 10 pessoas a uma live no Zoom, já é um bom começo. Mas, de forma online, a tendência é que os eventos comecem tímidos e ganhem força depois de um tempo. Se há meses você não dá as caras nas redes sociais ou sequer envia uma news para o seu mailing, não vai ser nas primeiras lives que você terá centenas de pessoas assistindo ao vivo. Você terá que reconquistar ou mesmo começar do zero a sua estratégia digital.

Outro ponto é que há muito conteúdo sendo feito, e muito conteúdo gratuito. Então, não é uma boa ideia cobrar caro por uma palestra ou um curso online se existem alternativas semelhantes e de graça na internet. Comece com propostas pequenas e vá escalando conforme for conquistando mais audiência.

Use o poder do compartilhamento

Web. Teia de aranha. De alguma forma, tudo na internet está interligado e, uma vez que seu evento é disponibilizado abertamente ao público, você deve usar o poder do compartilhamento.

Claro, é possível fazer eventos privados se você deseja algo exclusivo para os membros do seu coworking. Mas se a ideia é aumentar a audiência e manter constância na sua programação de lives, é preciso usar suas redes sociais. E quando eu digo redes sociais eu não me refiro apenas ao Facebook, Instagram, Twitter e os outros sites que você usa. Redes sociais são realmente todas as suas formas de socialização. Avise seus amigos por mensagem, ao contatar seus coworkers diga que eles estão livres para compartilhar o link do evento com quem quiserem e assim por diante.

O bacana dos encontros online é justamente que você pode engajar além do seu círculo. Se estamos mais fisicamente isolados do mundo, passamos muito mais tempo na internet. O resultado disso é que você pode ser um dos canais para oferecer o que as pessoas estão buscando na internet – ou mesmo que não estejam buscando, se for algo útil para elas e aparecer na timeline, elas vão aderir. 

Eu tenho participado, por exemplo, de conversas de um programa de pós-graduação em Comunicação de uma universidade de São Paulo. Eu nunca fui inscrita no programa e nem perto de SP eu estou. Mas os conteúdos me interessaram e foram compartilhados no Twitter por uma ex-professora minha da faculdade. O objetivo inicialmente era manter os debates ativos com os alunos, só que, uma vez que eles jogaram o link na web, o resto foi acontecendo naturalmente.

Teste, reformule e teste novamente.

Tudo que é novo precisa ser testado. Não existem respostas prontas. Vai dar certo? Vou ter milhares de pessoas me assistindo? Qual é o melhor horário para fazer transmissões?

Se você tem alguma experiência com eventos presenciais, já sabe como é difícil levar pessoas aos encontros. Você vai ver dificuldades semelhantes com os eventos online, mas em compensação tem outros pontos positivos como a flexibilidade e o poder do compartilhamento. Por isso é preciso ir testando, não existem verdades absolutas.

Se os eventos forem mais focados à sua comunidade, faça uma enquete para ver se existem dias e horários preferidos. Quase todo founder já deve ter ouvido de um coworker que ele estava muito ocupado para participar de um evento presencial, fosse ele no meio do dia ou a noite. Final de semana então, nem pensar. Mas como nossas rotinas viraram do avesso, e estamos com opções de planos limitados nos fins de semana, talvez agora seja a hora de testar um evento no sábado? 

Observe pela sua timeline como tem acontecido as lives ultimamente. Por aqui eu já notei que a maioria delas acontece a noite. Mas também já participei de encontros transmitidos dos Estados Unidos, com uma diferença enorme no fuso-horário. Uma vez que o assunto me interessava bastante, valia a pena reorganizar meu dia em torno daquele evento.

E aí, conseguiu pensar em algumas ideias que podem funcionar para o seu espaço? No próximo artigo vamos dar algumas dicas mais “mão na massa” para ajudar você tirar os planos do papel. Até breve!

Divulgue os seus eventos no Coworking Brasil

Você sabia que aqui pelo Coworking Brasil mesmo você pode divulgar todos os eventos (online ou presenciais) que rolam no seu espaço? Assim você deixa o perfil do seu coworking mais completo, e passa uma boa idéia para o público de como tem ativado sua comunidade.

Para saber mais sobre isso, pode conferir este link: https://coworkingbrasil.org/news/eventos-coworking-brasil/