No dia 8 de julho o mundo do coworking brasileiro tomou um novo patamar. A realização do Encontro Coworking Brasil 2017, a 3ª edição do evento, apoiado por nós, tomou São Paulo por um espírito de consolidação e novas visões para esse mercado que deixou todos os mais de 150 presentes prontos para encarar o futuro – e claro, o presente.

Caso você não conheça o evento, vale um contexto. A intenção é criar um evento nacional, para reunir os founders de coworkings do país todo e discutir sobre esse novo mercado ainda em construção. Todo o evento é colaborativo e voluntário. A equipe de organização, toda composta por proprietários de espaços de diferentes lugares do país, de João Pessoa a Curitiba, tem suas próprias tarefas com seus espaços e paralelamente co-organiza esse evento há 3 anos, escolhendo o Cubo Coworking como sede desta vez.

O que rolou na edição 2017

O tema deste ano girou em torno de conexões. São essas conexões entre pessoas que movem o dia a dia dentro de um coworking, das quais surgem oportunidades, novas ideias, projetos e amizades. Você que gerencia um espaço compartilhado, já parou para pensar por quantas conexões desse tipo já foi responsável? Já contou quantos novos projetos surgiram dentro da sua rede, entre pessoas que talvez nunca tivessem a oportunidade de um dia se conhecer? Esse era o mote deste ano.

Os debates amadureceram muito nesta edição. O evento mesclou temas mais iniciantes para quem está chegando no mercado com assuntos mais avançados, o que já parece um ensaio para tratar diferentes perfis de públicos nos próximos anos e é reflexo de um cenário mais crescido e coeso.

Tivemos desde pessoas muito próximas do começo deste movimento, como a Ana Fontes (Rede Mulher Empreendedora) falando das conexões que fez na vida até chegar onde está, e um painel interessantíssimo sobre as dificuldades e desafios desses empreendedores com Jorge Pacheco (Plug), Fernanda Nudelman (ex-Ponto de Contato, mas pra sempre Ponto de Contato) e André Pegorer (Nex Coworking).

Também tivemos alguns minicursos com focos específicos, como vendas, gestão dos espaços, social selling, gestão de comunidades e arquitetura de espaços. Essa divisão dos participantes nos minicursos mostrou como ainda há muito conteúdo para disseminar entre a rede. E o mais legal: a própria comunidade participou, como um grande giveback de mentoria, dando boa parte desses cursos. É como se voltássemos no tempo, quando esses founders de espaços ainda estavam aprendendo, e depois olhássemos essas mesmas pessoas devolvendo à comunidade o que aprenderam. Foram momentos muito enriquecedores.

Depois fechamos o dia com os números atualizados do Censo Coworking Brasil 2017 (aliás, se você não viu, corre lá pra ver) e um painel sobre o futuro da cena coworker e do próprio trabalho, com a pesquisadora Cassiana Buosi, Walker Massa do Nós Coworking de Porto Alegre e o Danilo Picucci do Campus Google.

Algumas boas conclusões que podemos tirar desse dia juntos:

Coworking é presente

  • O mercado amadureceu muito, e já temos coworkers em vários momentos diferentes de vida e de negócio.
  • Coworking já é o presente. O futuro será o coworking como ferramenta para empresas despertarem a inovação e novos meios de resolver problemas coletivamente.

É hora de aproximar marcas

  • As marcas estão se envolvendo muito mais com coworking ao longo dos anos e isso é extremamente positivo para toda a cena, pois dá fôlego financeiro e a troca é muito vantajosa para ambos os lados.
  • É preciso aproximar mais as grandes marcas para que elas tenham a experiência do coworking não apenas como um trabalho de marketing, mas também de co-criação e desenvolvimento próprio.

Há de se melhorar ferramentas básicas

  • A necessidade de formação em alguns pontos muito básicos do negócio, como vendas, ainda existe e é latente, despertando o interesse de boa parte do público. Aqui vale uma reflexão sobre os materiais existentes para esse público e o que pode ser melhorado.
  • A expansão de ferramentas de gestão de espaços (inclusive com boa parte delas presentes no evento, como patrocinadoras) também é um demonstrativo do amadurecimento da cena. Os coworkers agora têm diversas opções de escolha – e também ajudam essas startups a melhorarem suas soluções.

Os coworkings começam a se unir por regiões

  • Necessidades locais emergem rapidamente e isso leva as pessoas a se organizarem localmente. Foi bem comum conversarmos com coworkers que estão montando associações e grupos em cidades e estados para discutir coworking e pleitear juntos por oportunidades – seja por descontos melhores com fornecedores ou mesmo incentivos fiscais junto ao poder público. É um caminho bem interessante e pode evoluir, inclusive, para edições regionais do Encontro Coworking, que podem focar e problematizar localmente, pensando globalmente.

A evolução é o futuro

  • A evolução de número de espaços de coworking brasileiros (mais que o dobro do ano passado) mostra que essa iniciativa como negócio vence a crise e é um caminho para driblá-la. Claro, há espaços fechando, mas ao mesmo tempo chegam marcas importantes como o WeWork, que vão transformando com seu poder de publicidade o coworking num verbete mais comum e amigável. Aliás, fizemos um tour entre espaços paulistanos no dia anterior e o WeWork foi a última parada!
  • E ainda sobre o futuro do trabalho, podemos começar a pensar no coworking como instrumento de aproximação da periferia empreendedora, que já pratica isso de certa forma mas não tem o reconhecimento devido por movimentar boa parte da economia local. É preciso estabelecer uma conversa com essas comunidades e empoderá-las também nesse sentido.
E você, esteve lá? Quais suas conclusões e expectativas para o mundo do coworking brasileiro? Conte pra gente nos comentários!