Como o Facebook mudou nossas vidas?
As relações humanas e a comunicação são alguns dos itens que mais mudaram com a chegada das redes sociais.
Este artigo foi escrito por
Tuani Mallmann.
Quantas das pessoas que você conhece não possuem conta no Facebook? Você ainda se lembra de como era a vida antes dessa rede social? Com mais de 10 anos de existência, o Facebook mudou nossas vidas e é a maior rede social do mundo.
Se no início a internet era um território apático e meramente tecnológico, graças as redes sociais esse ambiente se tornou bem mais humano — inclusive com todas as imperfeições e características negativas que uma plataforma “habitada” por terráqueos pode proporcionar.
Em quais esferas você sente que o Facebook transformou completamente a sua vida? Se você nunca parou para pensar nisso, hoje abordamos alguns dos principais pontos que foram alterados sem chance de volta.
Comunicação entre as pessoas
As tecnologias em geral mudaram as formas de comunicação entre as pessoas, mas o Facebook tem uma grande influência nisso. Hoje, quando se precisa contatar um amigo ou mesmo uma empresa, muitas pessoas nem pensam duas vezes: mandam uma mensagem via Facebook e só em caso de urgência pegam o telefone para fazer uma ligação.
O Facebook é um bom meio termo para as pessoas que não são muito íntimas mas que não podemos perder o contato
O aplicativo do Messenger, pertencente ao Facebook, é usado até mesmo para conversas profissionais e trocas de informação entre empresas. Muitos já usam a rede como uma forma de armazenar contatos de trabalho, o que acabou alterando, pouco a pouco, o caráter de lazer que a rede possuía.
Assim como nossos contatos mais próximos estão em nossa agenda telefônica e em nosso histórico no Whatsapp, aqueles mais distantes ficam ali armazenados na rede do Mark Zuckerberg. O Facebook é um bom meio termo para as pessoas que não são muito íntimas mas que não podemos perder o contato. Ex-colegas de faculdade, ex-colegas de trabalho e até aquele primo de terceiro grau que você nunca vê podem ficar por ali camuflados entre seus amigos mais próximos.
Relações humanas
Lá em 1996, uma pesquisa feita pela Universidade de Carnegie Mellon tentou identificar os padrões e os efeitos da internet na vida das pessoas. Em uma época que as redes sociais ainda não existiam, os pesquisadores já nomeavam os resultados do estudo como Paradoxal Internet (Internet do Paradoxo). Basicamente o que eles deduziram é que o universo online tem o poder de aproximar quem está distante e de distanciar quem está perto.
Na época, a pesquisa levantou muitos questionamentos, uma vez que a amostragem era pequena. Mas, hoje em dia, não é exatamente isso o que parece estar acontecendo? Para ficarmos conectados em nossos celulares, muitas vezes não damos a mínima atenção aos que estão fisicamente presentes em nossas vidas.
Mas, claro, há também o lado positivo para as pessoas mais reclusas e tímidas que não tinham muitos relacionamentos e hoje podem fazer amizades a partir de grupos e aplicativos — e, obviamente, as pessoas nem tão introvertidas assim também têm aproveitado as vantagens dos apps.
O universo online tem o poder de aproximar quem está distante e de distanciar quem está perto
Isso tudo gera um constante questionamento: o Facebook veio para contribuir nas relações humanas ou para atrapalhá-las? Bom, não há como responder ao certo essa pergunta, mas é fato que os relacionamentos foram drasticamente alterados, embora não tenhamos percebido, uma vez que acabou se tornando algo rotineiro.
E uma coisa é certa: ao olharmos para as próximas gerações, certamente iremos exclamar aquelas clássicas frases como “na minha época não era assim”, não é mesmo?
Compartilhamento de notícias e opiniões
A necessidade de compartilhar é um dos comportamentos mais perceptíveis da “geração Facebook”. Seja uma foto do almoço ou uma opinião, parece que se você não deixar a sua marca na timeline você não faz parte do mundo.
E essa independência para postarmos o que quisermos nos proporciona uma falsa sensação de liberdade de expressão e de que estamos mudando o mundo com nossas palavras e opiniões. Isso porque a maioria das pessoas não sabe que, graças aos algoritmos do Facebook, nossas postagens não são levadas para todas as nossas conexões na rede. Pior ainda, muitos sequer sabem que nossos posts são levados sempre para as mesmas figurinhas que concordam com nossas opiniões. Ou seja: estamos em uma bolha que nos faz cada vez mais acreditar que temos toda a razão do mundo.
A distribuição de links e postagens de fanpages segue o mesmo raciocínio. Portanto, se só curtimos os conteúdos da página A, com o tempo os materiais da página B não irão mais aparecer em nossa timeline. E é assim que acabamos por ler apenas as notícias que nos interessam.
Estamos em uma bolha que nos faz cada vez mais acreditar que temos toda a razão do mundo
Outra questão que preocupa é como o Facebook se tornou um dos territórios digitais mais propensos a fake news e difamação, principalmente quando o assunto é política. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai) da Universidade de São Paulo (USP), aproximadamente 12 milhões de pessoas no Brasil difundem notícias falsas sobre política.
Os números preocupam, principalmente pela proximidade da eleição presidencial de 2018. Já existe a expectativa de que durante o período eleitoral as informações inventadas possam ganhar mais alcance do que as notícias de fontes reconhecidas como confiáveis.
Hoje, números de redes sociais como Facebook e Twitter já são extremamente relevantes para os comitês de partidos calcularem os números que aparecerão nas urnas. No último pleito presidencial dos Estados Unidos, por exemplo, a popularidade de Donald Trump ultrapassou os limites da internet e se mostrou real nas urnas.
Bem-estar psicológico
Por último, como uma soma de tudo que absorvemos diariamente nas redes sociais, aparecem as sequelas psicológicas causadas por esse mundo encantado. Já falamos em um artigo por aqui sobre a ansiedade causada pelas redes, e é sabido como o Facebook e outras plataformas afetam em nossa confiança e felicidade.
Hoje o Facebook já tem sido ligado diretamente ao aumento dos casos de depressão. Segundo a Teoria da Comparação Social, a rede gera constantes confrontos internos, o que acaba afetando o comportamento emocional das pessoas.
A dependência nas redes e o feed de notícias interminável provoca uma sensação de vazio
A vida alheia que parece sempre feliz e incrível contribui para o aumento das comparações e, com isso, as frustrações acontecem com maior frequência. A dependência nas redes e o feed de notícias interminável provoca uma sensação de vazio: quanto mais tempo passamos grudados no celular olhando as “novidades”, maior é nossa ansiedade.
O assunto é tão sério que já existe um termo definido para essa síndrome da geração Facebook: FOMO (Fear of missing Out, em tradução livre algo como o medo de estar perdendo algo). Os viciados em redes sociais na maioria sofrem de FOMO sem nem saberem, apresentando sintomas como angústia e mau humor.
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É claro que não podemos “culpar” o Facebook por tudo. Hoje, depois de mais de 10 anos de redes sociais, temos outros vilões da autoestima como Instagram, Youtube e os influenciadores digitais. Mas isso é assunto para um próximo post…
E então, fazendo essa reflexão sobre como o Facebook mudou nossas vidas, você consegue perceber como essa ferramenta te afeta diariamente? Quantas vezes você confere sua timeline todos os dias? Quanto tempo você consegue ficar sem abrir o app no seu celular? Deixa um comentário pra gente e vamos debater esse assunto!