Ao mesmo tempo em que às vezes bate um sentimento ruim de que o mundo está cada vez mais egoísta e intolerante, não paramos de ver exemplos todos os dias de pessoas que nem se conhecem e de alguma forma se ajudam sem cobrar nada em troca. Estaríamos vivendo uma nova e remodelada era do escambo? Talvez sim, e esse novo tempo vem sendo liderado pela tão falada sharing economy.

Se você não está totalmente por dentro dessa cultura do compartilhamento, nós explicamos: basicamente esse movimento visa as trocas e não apenas o consumir por consumir. Não há como viver em um planeta majoritariamente capitalista sem consumir, é claro, mas atualmente tem se pensado em um modelo mais sustentável para que esse ciclo aconteça.

Todos ganham com a sharing economy

É claro que não somos inocentes de acreditar que grandes empresas como o Uber não estão lucrando milhões de dólares com os serviços prestados. Mas a grande questão é o que essas iniciativas oportunizam. Com o Uber, por exemplo, de um lado há os motoristas que podem aproveitar seu veículo particular para fazer uma grana extra em tempos de crise econômica mundial. De outro lado estão os usuários, cada vez mais cansados de utilizar táxis e o transporte público precário em países como o Brasil, ou de pagar o alto preço de se ter um carro.

É do desgaste e das pequenas falhas do sistema capitalista que nascem iniciativas incríveis de pessoas “gente como a gente”.

É do desgaste e das pequenas falhas do sistema capitalista que nascem iniciativas incríveis de pessoas “gente como a gente”. As start ups mais badaladas do momento são lideradas por jovens mentes que, a partir de alguma fragilidade captada de uma cansativa rotina, conseguiram visualizar uma nova forma de solucionar problemas.

Dificilmente iremos levar à falência as grandes redes de hotéis usando apenas o AirBnB, e nem é esse o objetivo. A grande questão é que se o mercado só quer nos explorar com seus preços abusivos e serviços muitas vezes desleixados, nós iremos encontrar uma outra forma de experiência que seja muito mais digna e justa. Também é isso que a sharing economy aborda.

Por menos consumo e mais experiências

Eu acredito que viver esse mundo de compartilhamento também vem acontecendo por conta do esgotamento do consumo. Comprar é legal, mas chega um momento que precisamos de mais, algo que não é o dinheiro que vai comprar. Como eu falei lá no início do texto sobre estarmos em um momento um tanto quanto egoísta, eu creio que depois de chegarmos no ápice desse tempo, iremos nos aproximar cada vez mais das experiências conjuntas e divididas.

Além de tudo isso, as inúmeras formas de economia colaborativa visam a aproximação de pessoas e trocas de experiência. O networking acaba acontecendo naturalmente e você pode promover as suas ideias, bem como apoiar iniciativas alheias de pessoas até então completamente desconhecidas.

A força da união que pode mudar o mundo

As pessoas possuem muito mais força do que imaginam, e quando alguns personagens resolvem liderar uma mudança, mesmo que pequena, podemos ter certeza que algum impacto positivo ela irá trazer, ou pelo menos a reflexão proposta já é válida.

A sharing economy é, em algum sentido, uma grande “revolta dos consumidores”.

Para finalizar, resumo tudo o que falei acima com um pensamento retirado de um texto escrito por Fernando Schuler: “A sharing economy é, em algum sentido, uma grande “revolta dos consumidores”. Revolta lucrativa, fruto da tecnologia e da juventude. Um chega-pra-lá na burocracia das empresas e na fúria regulatória dos governos. O capitalismo se reinventa. A liberdade vai produzindo ganhos para todos.”