Segundo dados de 2019, mais de 45 milhões de pessoas no Brasil têm algum tipo de deficiência, seja ela física ou cognitiva. No cotidiano, as pessoas encontram os mais diferentes obstáculos, até mesmo para realizar atividades comuns.
Mas e se o seu escritório compartilhado fosse um ambiente onde isso não acontecesse? Para alcançar esse resultado, é preciso investir na acessibilidade para deficientes.
Não basta apenas se declarar acessível. É necessário contar com soluções que realmente ajudem todos a compartilharem o espaço, de forma que a experiência seja positiva para todos.
Mas como dar os primeiros passos rumo a um ambiente com mais acessibilidade para deficientes, sejam eles cadeirantes, com dificuldades de mobilidade, pessoas com deficiência física ou visual?
Acessibilidade para compor a comunidade
A criação de uma comunidade para o coworking depende de muitos fatores. O atendimento, a experiência, os serviços e a presença no cotidiano dos coworkers são determinantes para não apenas atrair, mas também manter os profissionais por perto.
O gerenciamento de comunidade, como pela realização de eventos e captação de feedbacks, também desempenha seu papel.
Mas como construir uma comunidade que seja completa e sólida se ela não for diversa e inclusiva?
É por isso que a acessibilidade não ajuda apenas pessoas com deficiência (PCD) que desejam usar seu espaço compartilhado. Se preocupar com essa questão também é fundamental para integrar e tornar a comunidade mais unida.
Além disso, é possível fortalecer sua responsabilidade social e melhorar a imagem do negócio. Portanto, seu escritório compartilhado só tem a ganhar com uma abordagem mais acessível.
Mudanças necessárias desde o projeto
Ao mesmo tempo, é fundamental entender que a acessibilidade não é alcançada de forma automática. Não basta querer ter um coworking acessível — é necessário fazer mudanças para contemplar um público diverso e com outras necessidades.
Por isso, o ideal é que as mudanças estejam previstas desde o início do projeto de reforma ou de criação do espaço. Será muito mais fácil incorporar as especificações e necessidades técnicas desse modo, o que também pode gerar economia.
Porém, também é possível alcançar a acessibilidade para cadeirantes e pessoas com outras deficiências mesmo em um espaço que já está em operação. Contar com um bom profissional de arquitetura acessível e ter uma dose de criatividade podem ajudar nesse sentido.
Adaptando o coworking para ter mais acessibilidade
Para entender quais são as necessidades específicas quanto à acessibilidade, o melhor é recorrer a normas técnicas que padronizam medidas, materiais e soluções.
A Norma Técnica Brasileira 9050 é o principal instrumento nesse sentido. Ela foi publicada em 1985 e, posteriormente, foi atualizada. Sua versão mais recente é de 2015 e dispõe sobre os pontos mais relevantes para alcançar a acessibilidade.
Área de circulação
Em números, é preciso que haja um espaço mínimo de 90 centímetros para a circulação de um cadeirante, pois esse é o tamanho médio das cadeiras de rodas. Porém, você também deve considerar o espaço necessário para realizar manobras.
O ideal é ter desde uma região com 1,20 m x 1,20 m até um círculo com diâmetro de 1,50 m. Considerar isso é importante para planejar a distância de mobiliário, como entre as estações de trabalho e demais equipamentos presentes no escritório.
Para deficientes visuais, é preciso ter atenção com móveis que fiquem acima de 10 centímetros do chão. Eles podem ficar suspensos a partir de 60 centímetros ou devem ser facilmente identificáveis por uma bengala de apoio.
Mobiliário acessível
A escolha dos móveis também faz toda a diferença, em especial ao considerar a acessibilidade para cadeirantes. O ideal é que a superfície de trabalho tenha espaço livre embaixo e que tenha, no mínimo, 50 centímetros de profundidade, sendo 60 centímetros o ideal.
A altura recomendada para formar 90 graus entre mãos e cotovelo, garantindo a ergonomia, varia de 75 a 90 centímetros. Além disso, a altura livre, entre o chão e o cotovelo, deve ser de, no mínimo, 73 centímetros.
Pode ser o caso de contar com móveis e superfícies de diferentes alturas ou mesmo de escolher móveis adaptáveis, que possam ficar mais altos ou mais baixos, se for o caso.
Também é importante pensar na facilidade de deslocamento de cadeiras de escritório, por exemplo. Elas devem ser movidas facilmente para que seja possível encaixar a cadeira de rodas, quando aplicável.
Presença de rotas acessíveis
De acordo com a norma técnica, é necessário que todo espaço coletivo deva ter uma rota acessível. Ela consiste em um trajeto sem obstáculos, que é contínuo, sinalizado e conecta espaços internos e externos.
Portanto, a rota acessível do seu coworking começa do lado de fora, o que significa ter uma entrada acessível com rampas e/ou elevadores, de modo a garantir o uso adequado do espaço.
Além disso, a rota acessível não deve conter tapetes, carpetes, capachos ou elementos semelhantes.
Revestimentos
Cuidar do piso é importante, ainda que seja a superfície em que se pisa. Para pessoas com necessidades especiais, como deficientes visuais, não ter uma indicação no chão com caminhos é como não saber que seu lugar existe. É necessário compor uma rota acessível à todos os tipos de sentidos – separadamente. É por isso que a recomendação é utilizar um piso que seja firme, regular e que seja antiderrapante, mesmo se estiver molhado.
As regras quanto aos revestimentos para determinados tipos de comunicação, também serve de exemplo para a superfície das rampas, que devem ser empograçadas com boa aderência e inclinação correta, para a circulação segura de todos.
Banheiro
O toalete do seu coworking é acessível para deficientes? Com foco nos cadeirantes, como passo inicial, o boxe deve ter no mínimo 80 centímetros de vão livre na entrada e área livre de 60 centímetros de diâmetro.
Para tornar o espaço mais acessível, vale a pena usar barras de apoio nas paredes laterais. Na forma de L, o item deve ter 70 cm x 70 cm, se preferir ou se adaptar melhor ao seu projeto, use duas barras de apoio retas e paralelas com 70 centímetros cada uma. A distância até o chão deve ter 75 centímetros.
Outras intervenções podem ser necessárias e, por isso, ter um projeto completo, feito por um especialista pode ajudar.
Com a acessibilidade adequada pra pessoas com necessidades especiais, o seu coworking agregará mais profissionais e transmitirá uma mensagem coerente e responsável à sua comunidade. Como todos têm a ganhar com essa modificação do espaço, vale a pena considerar realizá-la para otimizar seu escritório compartilhado.
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