Por aqui, acreditamos que o coworking é sinônimo de colaboração e integração, em busca de relações de negócios saudáveis e inteligentes. Por isso, faz sentido que a iniciativa privada não seja o único caminho. Mais do que nunca, o poder público pode estar presente no universo dos coworkings.
Essa aproximação, na verdade, acontece em uma via de mão dupla. E pode acontecer junto às organizações públicas com interesses em atender as necessidades socioeconômicas de determinado local ou segmento. Afinal, as iniciativas também podem partir dos fundadores, de buscar uma aproximação do setor público.
A presença do poder público no ambiente de coworkings
Partindo da iniciativa por parte dos gestores públicos, já temos casos de espaços compartilhados que foram criados por iniciativa municipal, estadual ou federal. A seguir veja alguns exemplos dessa combinação entre poder público e coworkings nas principais cidades brasileiras:
- Curitiba: em 2017 foi inaugurado o Worktiba, o primeiro coworking público do Brasil. O ambiente é voltado para empresas com cunho social e foca no desenvolvimento de uma comunidade empreendedora saudável e com maior potencial de transformação. A iniciativa é a primeira brasileira a ter todos os custos pagos pelo poder municipal e foi desenvolvida a custo zero.
- São Paulo: o primeiro espaço colaborativo surgiu em 2019, no centro da maior cidade do país. O TEIA Coworking é gratuito e, nessa unidade, voltado para mulheres empreendedoras.
- Alagoinhas: localizado no estado da Bahia, desde 2020 conta com o coworking público. Ocupando parte da biblioteca pública da cidade, o espaço é fruto de uma parceria entre o governo federal e o governo estadual.
O avanço do coworking público
Quando falamos em coworking público, também é preciso citar a importância de iniciativas que, não necessariamente, surgiram pelas mãos do poder público. Há um número crescente de espaços que podem ser usados gratuitamente pela população, com critérios específicos ou não.
Também há exemplos de espaços que buscam gerar valor para toda a comunidade. Um exemplo é o coworking público do Orion Parque Tecnológico, na catarinense Lages.
O espaço é inovador por si só e vislumbra a união entre organizações do terceiro setor e públicas, a iniciativa privada e a comunidade. É o que conta Thaís Lima Ploncoski, da assessoria executiva do espaço.
Segundo, Luiz Henrique da Silveira, gestor do Centro de Inovação: “O Instituto Orion tem o objetivo primordial de fomentar — entre os setores públicos, privados e educacionais — o planejamento e estímulo de empresas para a inovação na região serrana catarinense”, explica.
O impacto da pandemia
Foi levando em conta essa missão que o Orion Parque Tecnológico decidiu criar o coworking público, em 2020. O motivo? A pandemia e os impactos na comunidade empreendedora e de negócios da região.
“Um dos principais objetivos do coworking é fornecer um espaço compartilhado para que pequenos negócios e negócios locais tenham onde continuar suas atividades, considerando as consequências causadas pela desaceleração da economia em todos os setores, devido a Covid-19. Além disso, aproximar as pessoas ao Orion e ao Ecossistema de Inovação”, conta Thaís.
Ela explica que o foco também está em criar experiências de conexão, o que também pode ajudar os empreendimentos a gerar negócios entre si, até para voltarem a enxergar novas oportunidades econômicas.
“A proposta é fortalecer o networking entre os utilizadores, e também oferecer um local de estudos para os estudantes que mantêm suas atividades acadêmicas on-line, seja das redes públicas ou privadas. O espaço de coworking disponibiliza, inclusive, notebooks para quem precisa fazer pesquisas ou utilizar equipamentos de informática para trabalhos escolares”, pontua.
A integração com outros recursos
O espaço colaborativo não é a única alternativa oferecida pelo coworking público do Orion Parque Tecnológico. Também existe a intenção de facilitar o acesso dos empreendedores às empresas residentes e a serviços variados.
É aqui que podemos observar uma presença mais forte do poder público, já que Thaís cita, entre as iniciativas, o contato com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC). Com apoio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável do Governo de Santa Catarina, é um dos principais pontos de interseção entre público e privado.
Isso nos leva diretamente para a análise sobre como aliar o poder público, a iniciativa privada e a comunidade de coworking pode ajudar a desenvolver o empreendimento de modo amplo.
Uma comunidade empreendedora é formada por muito mais do que ações isoladas.
“Precisamos fortalecer as parcerias e engajar o máximo possível de atores. No nosso entendimento, os coworking públicos devem sempre ter como objetivo articular recursos, para que os espaços se conectem a eventos, novas parcerias e ações com possíveis resultados positivos. No Orion, fomos os pioneiros na região a implantar um espaço de coworking, junto ao poder público — o que traz os profissionais até aqui é o aumento da produtividade e o uso compartilhado do espaço”, pondera Thaís.
Os resultados até agora
Mais que um coworking público, a ideia do Orion Parque traz uma abordagem que foca na recuperação e no fortalecimento de negócios. Como consequência, o desempenho tem se mostrado satisfatório — e mesmo surpreendente.
“Em sete meses foram mais de 130 pessoas usando o coworking oferecido gratuitamente e mais 15 pontos de vinculação entre empresas que utilizam as salas do Centro de Inovação. Desde o início de 2021, mais de 50 agendamentos foram realizados, possibilitando um incremento na participação do público no Parque Tecnológico”, enumera.
Houve ainda uma mudança de mentalidade muito positiva na comunidade empreendedora:
“O coworking público facilitou a aproximação de quem nunca imaginou estar nesse tipo de local para trabalhar. A comunidade empreendedora da região, não apenas de empresas e empreendedores vinculados ao Orion Parque, visualizou no coworking um ambiente propício para trabalho remoto e incremento de networking”, comenta.
A aproximação do poder público
Os fundadores desse tipo de iniciativa podem e devem buscar formas de se aproximar do poder público, se o objetivo é criar uma comunidade empreendedora ativa — como tem feito o Orion Parque. Isso pode ser feito por meio de parcerias público-privadas (PPP), convênios, editais e até iniciativas sociais.
Em especial, os grandes centros têm buscado alternativas nesse sentido, então é preciso estar atento às oportunidades para garantir que essa aproximação aconteça conforme o esperado.
O fato é que a união entre poder público e coworking pode ajudar a construir uma comunidade empreendedora capacitada e empoderada. Como empreendedor e idealizador, é possível realizar essa aproximação, a exemplo dos cases de sucesso de coworking público.
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