Nunca antes estivemos tão imersos na automação, como agora. Apesar de ela já estar bem definida em alguns setores e negócios, sinto que é importante olharmos para o futuro da automação nos coworkings. O conceito de espaços self-service já aparece em alguns debates, mas será esse o futuro da automação?

O papel da automação

A automação tem o principal papel de criar fluxos mais eficientes, automáticos, econômicos e produtivos. Por meio da integração com a tecnologia, os negócios de diversos tipos e tamanhos podem agregar mais valor na oferta de produtos ou de serviços para o público, por exemplo.

Isso é feito por meio de diversas soluções, desde aplicativos e softwares a sensores com integrações físicas de tecnologia. Também já é possível ver a atuação de robôs em diversas áreas, incluindo check-in em aeroportos, recepção de hotel, linhas de montagens industriais e até mesmo carros autônomos.

Então, a verdade é que não podemos fugir desse avanço tecnológico que promete abraçar todas as áreas de maneiras crescente na sociedade.

O cenário pós-crise e pandemia

Quando falo em automação, preciso dar destaque ao papel dessa solução em um cenário de crise e incertezas — como o que estamos vivendo. Com a pandemia do novo coronavírus, muitos negócios foram empurrados diretamente para a trilha da digitalização.

Além de levarem suas operações para o ambiente digital, diversas empresas mudaram o modo de trabalhar. O home office, embora já fosse uma tendência que caminhava a pequenos passos, ganhou força e correu uma maratona. Em junho de 2020, eram quase 9 milhões de trabalhadores atuando de maneira remota. É claro que isso trouxe mudanças nas empresas. Muitas já entregaram grandes escritórios e pretendem realizar operações mais enxutas, por exemplo. Além disso, muitos profissionais passaram a dar preferência ao regime remoto ou no mínimo híbrido.

No entanto, as condições desafiadoras do mercado também empurraram as companhias para dar prioridade a soluções de inovação e tecnologia. O objetivo é tornar as operações mais rápidas e lucrativas, além de aumentar a qualidade e gerar a diferenciação. É nesse contexto em que as automações formam a chamada Internet of Things (IoT) ou Internet das Coisas. A ideia é garantir a máxima conexão entre equipamentos e recursos, criando processos que, muitas vezes, acontecem por conta própria e sem interferência.

Estamos diante da chamada Quarta Revolução Industrial, a qual promete aumentar a capacidade produtiva, mas que também pode jogar para escanteio milhões de trabalhadores que terão suas profissões substituídas. Esse cenário pode causar inseguranças quanto à atuação dos profissionais, mas também traz perspectivas de crescimento e evolução para os negócios. A expectativa é que mais negócios comecem a adotar essa alternativa, justamente para que possam se proteger de futuras crises.

A existência de coworkings self-service

Finalmente chegamos, então, a como os coworkings se posicionam diante do futuro da automação. Diante de tanta tecnologia, surge a proposta de criar um coworking self service. Mas será que isso é realmente possível? A ideia de ter um espaço compartilhado totalmente automatizado parece uma evolução natural e até uma vantagem para o mercado, não é? Porém, ela desconsidera uma questão essencial para o sucesso de um ambiente do tipo: a participação humana.

As pessoas são fundamentais para o funcionamento de um coworking e, na verdade, não podem ser substituídas por tecnologia — por melhor que ela seja.

Um coworking totalmente self-service envolve uma operação que se “comanda sozinha”. Sem necessidade de ter o community manager, sem a presença do fundador, mas também sem interesse por parte dos coworkers. Afinal, acreditamos que o coworking é muito mais que um ambiente com mesas e cadeiras. Se você olhar mais a fundo, é exatamente isso, pois um profissional que faz home office já tem isso dentro de casa.

Então, o que o fará sair do próprio lar e pagar para estar em um coworking? A sala de reunião, a internet rápida e a climatização podem ajudar. Mas além de seus concorrentes também fazerem isso, não são os pontos essenciais. O que atrai e convence o público a ficar é a possibilidade de fazer networking, de desenvolver um negócio a várias mãos, de trocar experiências e impressões para realizar o trabalho da melhor maneira.

E, embora todos estejam no mesmo espaço compartilhado, essa troca nem sempre acontece de forma orgânica. Ela precisa ser estimulada por espaços que favoreçam a troca, por iniciativas de construção da comunidade e por eventos que envolvam as pessoas. Na prática, as automações não podem fazer nada disso. Nem mesmo a melhor inteligência artificial será capaz de reconhecer as nuances e necessidades de cada um ou de fazer uma integração completa entre as pessoas.

Um sistema automático pode diminuir a burocracia de alguns processos, mas não será capaz de acolher coworkers e fazer com que eles se sintam valorizados como peças fundamentais da comunidade. É por isso que, na prática, o coworking self-service não existe — ao menos não se a ideia for gerar valor para os coworkers, considerando suas necessidades.

O futuro da automação nos coworkings

Porém, não quero dizer que os coworkings devem se manter à parte de qualquer tipo de tecnologia. A automação é bem-vinda nesse modelo de negócio, mas como forma de otimizá-lo e não de substituir as pessoas, a necessidade de gestão ou a criação de uma comunidade.

É possível, por exemplo, utilizar fechaduras inteligentes. Elas podem ser destravadas com uma senha digital ou mesmo com o celular. Assim, não é preciso dispor de alguém apenas para o controle de acesso, por exemplo.Também existe a chance de disponibilizar aplicativos e sistemas de reservas de mesas, de sala de reunião ou de ingressos nos eventos realizados. Isso tudo traz mais praticidade e garante que haja tempo para focar no que é mais importante: as pessoas.

Portanto, a ideia de incorporar as soluções de automação deve ser melhorar a experiência do usuário e não torná-la impessoal. Desse modo, há um melhor aproveitamento das soluções a favor dos resultados!

Para continuar esse debate sobre o futuro da automação em relação aos coworkings, que tal compartilhar esse artigo com seus contatos?