Eventos online: essa tendência deu certo em 2020?
O Coworking Brasil te conta a verdade sobre os eventos online e o que aprendemos com essa tendência em 2020.
Este artigo foi escrito por
Tuani Mallmann.
2020 foi um turbilhão e todo mundo falou sobre como tivemos que acelerar processos que já estavam em andamento. Se tudo já era parcialmente digital, os negócios e empresas tiveram que se adaptar rapidamente para que tudo pudesse ser feito online direto de nossas casas. E aqui no Coworking Brasil nós exploramos a necessidade de se criar eventos online para manter as comunidades dos espaços de coworking unidas.
Sabíamos que não seria uma tarefa fácil, como qualquer projeto que precisa ser alinhado do zero. Alguns meses antes da pandemia, já estávamos trabalhando aqui no site para lançar uma página específica para divulgação dos encontros realizados pelos espaços. Difundir os eventos em coworking sempre foi uma prioridade para nós.
No fim das contas, tivemos que adaptar a página para que se pudesse divulgar também os eventos digitais, já que tudo parou e as aglomerações físicas estavam fora de cogitação.
E agora, depois de quase um ano, será que já temos algumas respostas sobre esse cenário?
Mas então, podemos dizer que deu certo?
A realidade é que nós adoraríamos dizer que foi tudo como planejamos. Mas quem pode dizer isso em um ano como 2020? O que vimos foi um cenário onde os espaços de coworking tiveram que lidar com diversas adversidades ao mesmo tempo. E por conta disso muita gente não conseguiu se programar para desenvolver uma agenda online, mesmo com as dicas que demos por aqui.
Em um cenário ideal, os founders criariam parcerias com seus coworkers e colaboradores para manter a proximidade unida, seja promovendo cafés da manhã coletivos via Zoom ou realizando webinars relevantes para o enfrentamento da crise.
O que se viu foi uma explosão tão grande no mercado de lives que só conseguiu um lugar ao sol quem já estava antenado ao digital. Aqui embaixo você pode ver um gráfico do Google Trends que retrata o interesse do público pelas lives ao longo do ano.
Dados retirados do Google Trends.
Lá no começo de março, quando subitamente nos vimos trancafiados em casa sem entender bem o que estava acontecendo, aconteceu o pico de buscas pelos eventos online. Esse gráfico representa a busca pelo termo “lives” no território nacional. Como podemos ver, o interesse geral atingiu seu pico em março e abril, mas já em julho começou a decair consideravelmente.
Existem alguns fatores que motivaram esse interesse repentino. O mais notável deles, obviamente, foi o lockdown. Embora o Brasil não tenha seguido um protocolo nacional, foi em março que tudo mudou. Muitas cidades e estados pararam completamente e só restaram as atrações online para passar o tempo. Os shows de bandas e artistas no Instagram e Youtube lideraram em audiência. Durante os primeiros meses da pandemia, 4 das 5 maiores audiências em lives do Youtube foram no Brasil, segundo relatório da empresa.
Saturamento e novos aprendizados
O que vemos a partir desses números é que quem conseguiu se organizar de forma rápida pôde aproveitar o embalo dessa primeira e única onda de lives no Brasil. Os eventos online ainda estão rolando hoje em dia, com uma frequência bem menor que há um ano. Mas dificilmente voltaremos a ter um pico tão grande como em março e abril de 2020.
Isso porque, mesmo com muitas restrições na nossa rotina, a maioria de nós já voltou a ter um dia a dia atribulado. No início, estávamos sedentos por entretenimento e “soluções” para o confinamento, pois acreditávamos que a pandemia duraria apenas algumas semanas e tudo voltaria ao normal. Hoje já entendemos a remodelação de nossas rotinas para voltar a um dia a dia de trabalho, mesmo que em home office ou em um regime de trabalho híbrido.
Aquela ânsia de pertencer a um grupo online para ocupar o tempo ocioso está passando – o FOMO (Fear of Missing Out) também. Como no início não sabíamos muito bem o que esperar, nosso objetivo era usar o tempo em casa para distração, fosse com puro entretenimento ou fazendo aulas e acompanhando bate-papos.
A ideia de “poxa, não posso perder essa live porque o assunto é super interessante!” também ficou pra trás. Nos demos conta que não conseguimos participar de todos os eventos online disponíveis, e muita gente chegou a um limite de saturamento.
O que aprendemos?
Como em todo processo de testes, o aprendizado se colhe lentamente. Não podemos ditar o que deu certo ou errado, até porque, pelo que observamos, foram poucos os espaços de coworking que apostaram nos encontros digitais, então fica um pouco difícil de mensurar em números.
Mas o que pudemos perceber em um cenário mais amplo é que conseguiu permanecer no mercado de lives quem realmente tinha algo diferenciado para oferecer, quem soube entregar exatamente o que sua audiência queria.
Foi o que o Encontro Coworking Brasil fez em seu canal do Youtube, com a programação de lives intitulada “Discutindo a relação”. A primeira temporada do projeto começou devagar, como uma aposta, e hoje já registra mais de 25 vídeos, todos disponíveis integralmente no Youtube.
Para quem promove eventos ao vivo, pode ser um pouco frustrante os baixos acessos, mas essa é uma característica bem comum. Afinal, nem todo mundo pode parar para assistir a uma live no momento em que ela está acontecendo. Porém, se você disponibiliza o conteúdo para acesso posterior, aumentam as chances de ver seus números de acesso multiplicarem.
Podemos observar isso no canal do Encontro Coworking Brasil. Se analisarmos os primeiros vídeos da série de lives, o número de visualizações é bem maior que os vídeos mais recentes. Uma vez que você produz o conteúdo, o ideal é deixá-lo disponível para que sua possível audiência tenha acesso em qualquer momento. Já fica aqui a dica de acessar o canal deles porque tem muitos debates interessantes sobre o mercado coworking!
E talvez essa seja uma boa lição sobre os eventos online: você produz o conteúdo para as pessoas, não para você. O objetivo não deve ser registrar números grandiosos, mas sim levar algum tipo de conhecimento ou entretenimento que agregue para o público.
Diante da crise, adapte-se!
No quesito adaptação, os cases musicais no Brasil foram um bom exemplo. As bandas e cantores, que sobrevivem basicamente de uma agenda de shows pelo país todo, se viram incapazes de performar em um palco. Logo se adaptaram e conseguiram registrar lives com milhões de espectadores simultâneos e bateram recordes que ainda não foram ultrapassados.
É claro que os grandes nomes da música têm toda uma estrutura e investimentos gigantescos por trás, mas a principal lição que eles passaram foi “adapte-se, pois quem não é visto não é lembrado!”. Para eles, não era uma opção ficar tanto tempo sem entregar nada ao público. E você, o que fez para agregar valor e engajar a sua comunidade durante a pandemia?
Já passou na hora de investir em Marketing de Conteúdo
Algo que ficou ainda mais claro é que quem não investe em Marketing de Conteúdo ficou pra trás. Se as pessoas tiverem que ficar fisicamente distantes do seu coworking, como você espera se mostrar? Aqui precisamos insistir na importância de trabalhar sua presença digital com conteúdo original e pensado para o seu potencial público.
E esse é um projeto a longo prazo, que requer energia constante para que se colha os frutos. Mesmo com anúncios pagos se leva tempo para ver resultados, com conteúdo é preciso ainda mais constância e também um olhar analítico, para ver o que funciona ou não para o seu espaço.
Um exemplo disso é a Cat Johnson, estrategista de conteúdo e voz ativa do universo coworking. Hoje todos os projetos dela são voltados para ajudar os founders e operadores de espaço a crescerem. Ela passou muitos anos produzindo conteúdo para redes sociais, blog e até podcasts, sem passar nenhuma semana sequer sem marcar presença online.
E em 2019, Cat Johnson lançou o projeto Coworking Convos, que é uma roda de conversa online para founders do mundo todo. Os encontros são mensais, avisados para a audiência através de newsletter, e cresceram ainda mais durante a pandemia: de 200 participações mensais para 2.000 presenças por evento.
Conclusão
Os eventos online não foram capazes de suprir o contato presencial que acontece nos coworkings – como já era de se esperar. Ainda não encontramos a fórmula perfeita para substituir a conexão, as parcerias e o networking que só experimentamos nos espaços compartilhados.
E por um lado, que bom! Isso só nos mostra como o que é promovido dentro dos coworkings é único e especial. Seguimos ansiosos para o dia em que poderemos voltar normalmente à nossa rotina no escritório, onde nos sentimos seguros e acolhidos pela nossa comunidade.
…
No seu espaço foram criados eventos online ao longo do último ano? Queremos saber como foi a sua experiência, seja como organizador ou participante de encontros digitais. Sua opinião vai enriquecer ainda mais nosso debate, é só enviar para contato@coworkingbrasil.org.
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