Eu trabalho com internet e redes sociais há quase 4 anos. Logo, dificilmente fico muitas horas longe do computador ou do smartphone – celular esse que relutei durante muito tempo até me render: eu sabia que no momento que eu entrasse neste mundo, não haveria mais volta.

Nos últimos meses, percebi como eu estava sempre com a sensação de cansaço extremo, com a irritabilidade lá em cima e com paciência alguma para ler notícias (e seus comentários) e para navegar em algumas redes sociais. Meu trabalho, que antes era prazeroso, começou a ficar cansativo e arrastado, e comecei a usar as redes sociais apenas para o trabalho e quase nada para as relações pessoais. Foi aí que comecei a perceber que eu faço parte de uma geração online que deseja cada vez mais estar offline.

Não que isso esteja acontecendo com todas as pessoas que eu conheça ou com toda a geração hiperconectada. Mas tenho percebido alguns aspectos que me levam a crer que já existe uma espécie de overdose de internet rolando, e que precisamos com urgência encontrar uma rehab saudável e equilibrada.

Desligue a televisão e vá ler um livro. O recado é antigo, mas vale para 2016.

Um vício que pode levar à overdose de internet

Quem trabalha conectado (ou seja, grande parte das pessoas hoje em dia), muitas vezes fica sonhando acordado com as férias em uma ilha que não exista sinal de wi-fi, daquelas que dá vontade de pagar de hippie até não poder mais e postar foto com a hashtag #gratidão. Isso porque, na maior parte do tempo, estamos sempre em uma correria absurda e quando nos damos conta, ao final do dia, não conseguimos fazer nem metade do que havíamos planejado.

Trabalhamos cada vez mais e rendemos cada vez menos, e a arte de procrastinar já consome uma boa parcela de nossas horas. Ter foco nas tarefas do dia é raridade, e parece que a todo momento precisamos de um break para respirar e ficar longe da tela do notebook e das notificações incessantes do celular.

O que podemos concluir disso tudo? Eu acredito que estamos pagando o preço por todas as facilidades que a internet dos dá. Ali em cima eu brinquei com as palavras overdose e reabilitação, mas isso é bem mais sério do que pensamos. Em pesquisa de 2014, feita pela empresa de marketing Digital Clarity, jovens entre 18 e 25 anos foram testados e mostraram sintomas como euforia enquanto conectados e ansiedade e pânico quando desconectados.

Ou seja, se não mantivermos o controle sobre a nossa relação com os gadgets e afins, o uso da internet pode acabar se tornando como qualquer outro vício como as drogas ou os jogos de azar.

Encontre o seu equilíbrio

Além da relação de vício, parece que quanto mais temos obrigações com a esfera online, mais queremos ir para o campo ver vacas e colher laranjas direto da árvore. Isso porque nem todas as pessoas estão preparadas para o ritmo intenso que o universo online exige. Não é apenas questão de conseguir ou não fazer várias coisas ao mesmo tempo, é que essa constante sensação de pressa e inquietação nos cansam de verdade. Já reparou como estamos sempre precisando de férias? Não sou médica nem pesquisadora, mas arrisco dizer que quanto mais energia consumimos, mais energia nós doamos.

Eu que cheguei a viver a geração MTV, nessas horas me recordo daquele clássico comercial deles: desligue a televisão e vá ler um livro. O recado é antigo, mas vale para 2016, só mudamos os objetos em questão: desconecte-se, vá ver TV, vá ouvir um disco ou um CD, vá tocar violão, vá ler uma revista, enfim, vá viver a vida desconectada.

Sim, eu sei que a internet hoje faz parte da nossa realidade, mas curta esse invento maravilhoso de forma saudável e comedida, para que você nunca esqueça o quão incrível pode ser a web. Internet demais cansa, internet de menos dá calafrios. Que tal então encontrar o seu equilíbrio ideal antes de ter uma overdose de internet?